terça-feira, 19 de julho de 2011

O Pentagrama Flamejante

O Pentagrama Flamejante
 
 
Chegamos à explicação e à consagração do santo e misterioso pentagrama.
Neste ponto, que o ignorante e o supersticioso fechem este verão somente trevas e as trevas só podem escandalizar tais pessoas.
O pentagrarna, chamado nas escolas gnósticas de estrela é o signo da onipotência e da autocracia intelectuais.
É a estrela dos magos; é o signo do Verbo feito carne e segundo a direção de seus raios, esse símbolo absoluto em magia representa o 1 ou o mal, a ordem ou a desordem, o cordeiro bendito de Ormuz e de João ou o bode maldito de Mendes.
E a iniciação ou a profanação; é Lúcifer ou Vésper, a estrela ou vespertina.
É Maria ou Lilith; é a vitória ou a morte, é a luz ou a sombra.
O pentagrama, se elevadas ao ar duas de suas pontas, Satã ou o bode do sabá e representa também o Salvador quando um dos seus raios é elevado para o ar.
O pentagrama é a figura do corpo humano com quatro membros uma ponta única que deve representar a cabeça.
Uma figura humana, com a cabeça para baixo, representa mente o demônio, quer dizer, a subversão intelectual, a desordem ou loucura.
Ora, se a magia é uma realidade, se esta ciência oculta é a verdadeira lei dos três mundos, esse signo absoluto, esse signo tão antigo a história ou ainda mais antigo cio que ela, deve exercer, e desde exerce, uma influência incalculável sobre os espíritos desligados de envoltórios materiais.
O signo do pentagrama chama-se igualmente signo do microcosmo e representa o que os cabalistas do livro de Zohar denominam microprosopo.
A completa interpretação do pentagrama é a chave dos dois mundos. É a filosofia e a ciência natural absolutas.
O signo do pentagrarna deve se compor dos sete metais ou, pelo menos, ser traçado com ouro puro sobre mármore branco.
Pode também ser desenhado com vermelhão numa pele de cordeiro sem manchas ou defeitos, símbolo da integridade e da luz.
O mármore deve ser virgem, isto é, não deve ter sido antes destinado a qualquer outro uso; a pele de cordeiro deve ser preparada sob os auspícios do sol.
O cordeiro precisa ser degolado na época da Páscoa com uma faca nova e a pele salgada com sal consagrado pelas as operações mágicas.
A negligência relativamente a qualquer desses detalhes cerimoniais, em aparência tão difíceis e arbitrários, resultará no fracasso das grandes obras da ciência.
Consagra-se o pentagrama com os quatro elementos; sopra-se cinco vezes sobre a figura mágica; asperge-se outras tantas com a água consagrada; seca-se a fumaça dos cinco perfumes, que São: incenso, mirra, aloés, enxofre e cânfora, aos quais pode-se acrescentar um pouco de resina branca e de âmbar gris. Sopra-se cinco vezes pronunciando os nomes dos cinco gênios, que São: Gabriel, Rafael, Anael, Samael e Orifiel; depois coloca-se alternativamente o pentáculo no solo ao norte, ao sul, ao oriente e ao ocidente e no centro a cruz astronômica, pronunciando uma após a outra as letras do tetragrama sagrado; em seguida diz-se em voz baixa os nomes benditos de Aleph e da Thô misteriosa, reunidas no nome cabalístico de AZOTH.
O pentagrama deve ser colocado sobre o altar dos perfumes e sobre o tripé das evocações. O operador deve também portar consigo a figura do mesmo, conjuntamente com a do rnacrocosmo, ou seja, a estrela de seis raios, composta de dois triângulos cruzados e superpostos.
Quando se evoca um espírito de luz, é preciso mover a cabeça da estrela, ou seja, urna de suas pontas para o tripé da evocação e as duas pontas inferiores do lado do altar dos perfumes. É preciso fazer o contrário quando se tratar de um espírito das trevas; mas neste caso é necessário que o operador tenha o cuidado de manter a ponta da varinha ou a ponta da espada na cabeça do pentagrarna.
Já dissemos que os signos são o verbo ativo da vontade. Ora, a vontade deve proporcionar seu verbo completo para transformá-lo em ação; e uma só negligência, representada por uma palavra ociosa, por uma dúvida, uma vacilação, converte toda a operação numa obra de ficção e de impotência e devolve contra o operador todas as forças despendidas inutilmente.
Cumpre, portanto, abster-se em absoluto de toda cerimônia mágica ou executá-las todas escrupulosa e exatamente!
O pentagrama traçado em linhas luminosas sobre vidro por meio de uma ferramenta elétrica exerce também uma grande influência sobre os espíritos e aterroriza os fantasmas.
Os antigos magos traçavam o signo do pentagrama sobre o umbral de suas portas para impedir a entrada dos maus espíritos e a saída dos bons. Este constrangimento resulta da direção dos raios da estrela; com duas pontas para fora afastava os maus espíritos; com duas pontas para dentro os mantinha prisioneiros; com uma única ponta para dentro pren­dia os bons espíritos.
Todas essas teorias mágicas, baseadas no dogma único de Hermes e nas induções analógicas da ciência, sempre foram confirmadas pelas visões dos extáticos e pelas convulsões dos catalépticos, que se dizem possessos pelos espíritos.
O G que os franco-maçons colocam no meio da estrela flamejante significa: GNOSIS e GERAÇÃO, as duas palavras sagradas da antiga cabala. Quer dizer também GRANDE ARQUITETO, porque o pentagrarna, de qualquer lado que o olhemos, representa um A.
Dispondo-o de modo que duas de suas pontas fiquem para cima e apenas uma para baixo, pode-se ver nele os cornos, as orelhas e a barba do bode hierático dc Mendes, convertendo-se então no signo das evoca­ções infernais.
A estrela alegórica dos magos não é outra coisa senão o misterioso pentagrama; e estes três reis, filhos de Zoroastro, conduzidos pela estrela flamejante ao berço do Deus microcósmico, bastariam para demonstrar as origens essencialmente cabalísticas e verdadeiramente mágicas do dogma cristão. Um destes reis é branco, o segundo é negro e o terceiro é moreno.
O branco oferece ouro, símbolo de vida e de luz; o negro, mirra, imagem da morte e da noite, enquanto que o terceiro, o moreno, presenteia com incenso, emblema da divindade do dogma conciliador dos dois princípios. Logo, quando regressam aos seus países por outro caminho, demonstram que um novo culto, é simplesmente uma nova rota que conduza a humanidade à religião única, a do ternário sagrado do pentagrama radiante, o único catolicismo eterno.
No Apocalipse, São João vê essa mesma estrela cair do céu à terra. Nomeia-a então absinto ou amargura e todas as águas se tornam amargas. Isto é uma imagem clara da materialização do dogma, que produz o fanatismo e as amarguras da controvérsia. É de fato ao cristianismo que se pode dirigir estas palavras de Isaías: “Corno caíste tu do céu, estrela brilhante, tu que eras tão esplêndida em tua manhã?”
Mas o pentagrama, profanado pelos homens, brilha sempre sem sombra na mão direita do Verbo de verdade, e a voz inspiradora promete àquele que vença pô-lo em posição dessa estrela matutina, reabilitação solene prometida ao astro de Lúcifer.
Como se vê, todos os mistérios da magia todos os símbolos da gnosis, todas as figuras do ocultismo, todas as chaves cabalísticas da profecia resumem-se no signo do pentagrama, que Paracelso proclama como o maior e mais poderoso de todos os signos.
Por que se assombrar depois disso, com a confiança dos magistas e com a influência real exercida por esse signo sobre os espíritos de todas as hierarquias? Aqueles que desprezam o sinal-da-crnz tremem diante da estrela do microcosmo. O mago, pelo contrário, quando sente que sua vontade desfalece, dirige seu olhar para o símbolo, toma-o em sua mão direita e se sente armado com todo o poder intelectual sempre que for verdadeiramente um rei digno de ser conduzido pela estrela até o berço da realização divina; sempre que saiba, que ouse, que queira e que se cale sempre que conheça o emprego do pentáculo, da taça, da varinha e da espada; sempre, enfim, que os olhares intrépidos de sua alma correspondam a esses dois olhos, cuja ponta superior de nosso pentagrama lhes apresenta sempre abertos.
Do livro Dogma e Ritual de Alta Magia de Eliphas Levi Editora Madras

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