quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Seres Míticos - Demônios

Segundo registros, a palavra demônio tem origem no grego daimónion e pelo latim daemoniu, e significa "gênio inspirador, bom ou mau, que presidia o caráter e o destino de cada indivíduo, alma, espírito. Nas religiões judaica e cristã, anjo mau que, tendo-se rebelado contra Deus, foi precipitado no Inferno e procura a perdição da humanidade; gênio ou representação do mal".

Em paralelo e intrinsecamente associado aos demônios, há a conotação sobre o inferno; que, através de uma definição cristã bastante genérica é "lugar ou situação pessoal em que se encontram os que morreram em estado de pecado, expressão simbólica de reprovação divina e privação definitiva da comunhão com Deus".

Desse modo, o inferno pode ser compreendido não como um ambiente de localização geográfica, mas de natureza espiritual onde habitam os demônios. Também, a alma dos mortos que, por penitência imposta pela divindade devido a uma vida de pecados, atravessam a eternidade sendo martirizadas pelo fogo e pelas angústias espirituais. Na Bíblia, encontram-se citações como "Os ímpios serão lançados no inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus" (Salmos – 9:17) e "E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras" (Apocalipse – 20:13).

Entretanto, a conotação cultural dos demônios e o conceito de inferno são muito mais profundos e complexos, estando presente na espiritualidade de diversas civilizações desde a antiguidade, se desenvolvendo, solidificando e perpetuando-se no consciente coletivo até os dias de hoje.

Luz & Trevas

A dualidade entre bem e mal, céu e inferno, Deus e diabo, luz e trevas é primordial nas doutrinas e crenças de vários povos. Uma vez que é através desta bipolaridade que se permite desenvolver outros princípios básicos como a busca de um ponto de equilíbrio existencial ao indivíduo e os frequentes combates entre estas forças; ou seja, uma conjunção entre poderes distintos, de criação e destruição capazes de dar origem ao universo.

Este preceito pode ser observado, por exemplo, em Baal, a divindade mesopotâmica da fertilidade e do furacão (como uma metáfora de vida e destruição). Da mesma forma que a idéia de dois mundos distintos, um bom e um mal que caracteriza Céu e Inferno, surge da combinação das culturas de persas e caldeus.

Demônios na Antiguidade

Os primeiros registros culturais sobre a existência destes seres encontram-se nas civilizações da Mesopotâmia, Persa e Egito. Neste momento, catástrofes naturais, doenças e guerras já são atribuídas a estas criaturas. Ainda, acreditava-se que desertos e florestas seriam ambientes propícios aos demônios e as habitações que não estivessem devidamente protegidas estariam vulneráveis à sua ação maligna.

Nas doutrinas espíritas, os demônios simplesmente não existem; pois, sua existência seria contra a própria natureza divina de amor e bondade. No entanto, aceita-se que espíritos em estado de evolução ainda bastante primitivo; ou seja, aqueles que ainda não atingiram uma elevação suficiente para libertarem-se do mundo profano e mantém-se imersos em ignorância espiritual, possam assumir uma condição maléfica e influir negativamente no processo natural de evolução humana; sendo assim, associados aos demônios.

No ponto de vista judaico-cristão, que é certamente o mais difundido, os demônios são anjos de natureza divina que se rebelaram contra a própria criação. Neste aspecto, Lúcifer é a entidade mais conhecida e considerada superior as outras classes hierárquicas do panteão demoníaco. Sendo também considerados criaturas malignas que interferem diretamente na existência humana provocando enfermidades, catástrofes natu- rais, desarmonia e infligindo-lhes tentações com intuito de desviá-la do caminho divino.

Ainda, aceita-se a idéia de que estes seres possam tomar posse do corpo físico de cada indivíduo e influenciá-lo negativamente (conhecida como possessão demoníaca). Neste caso, faz-se necessário o uso do exorcismo como meio de expulsar o espírito do corpo tomado. A própria Bíblia cita "Porque tinha ordenado ao espírito imundo que saísse daquele homem; pois já havia muito tempo que o arrebatava. E guardavam-no preso, com grilhões e cadeias; mas, quebrando as prisões, era impelido pelo demônio para os desertos" (Lucas – 8:29); e "E, quando vinha chegando, o demônio o derrubou e convulsionou; porém, Jesus repreendeu o espírito imundo, e curou o menino, e o entregou a seu pai" (Lucas – 9:42).

Em práticas ocultistas é comum o exercício de conjuração demoníaca com o objetivo de que estes seres se submetam à vontade do magista de modo a proporcionar-lhe "vantagens" na vida cotidiana. Entretanto, obviamente, é estabelecido um pacto de troca no qual o conjurador compromete-se a "pagar" ao demônio com um sacrifício ou, como é conhecido popularmente, "vendendo a própria alma".

Demônios Medievais

Na Idade Média, mais precisamente no período conhecido como Baixa Idade Média, a própria Igreja Católica, através da intolerância religiosa que tinha os tribunais inquisitórios como mais eficiente instrumento de repressão, colaborou com o fortalecimento da imagem dos demônios atribuindo a adoração às divindades pagãs ao culto demoníaco; da mesma forma que enfermidades que não podiam ser diagnosticadas eram relacionadas à ação diabólica.

Curiosamente, o Bispo de Tusculum, em 1273, concluiu que 133.306.668 de anjos, durante nove dias, se rebelaram contra o Criador, na Guerra do Paraíso. Em 1460 este número foi confirmado pelo Bispo espanhol Alphonsus de Spina. O apócrifo Livro de Enoque afirma que 200 anjos copularam com filhas dos homens e geraram uma raça de gigantes conhecida como Nephilim. O Talmude (registro principal do judaísmo rabínico) estipula uma população demoníaca de 7.405.926 criaturas.

No entanto, ainda no período medieval, havia uma questão existencial em relação à natureza do bem e mal que a própria Igreja protagonizava: se Deus, criador do universo, é essencialmente bom, porque permitira que suas próprias criaturas angelicais fossem tomadas pela vaidade e orgulho, a ponto de rebelarem-se e tornarem-se representações do mal?

Santo Agostinho respondeu a questão com o argumento do livre-arbítrio, no qual, quanto mais próxima a criatura estiver de Deus, (anjo ou homem), maior é seu poder de discernimento; podendo assim optar em seguir o caminho divino ou renegá-lo em virtude da trilha demoníaca do mal.

Demonologia

Da mesma forma que a angelologia estuda a natureza e a ação angelical, a demonologia ocupa-se do estudo relativo aos demônios. Sua origem pode ser associada ao pensamento de São Tomas de Aquino que, no século XIII, potencializa a figura demoníaca a partir da iconografia pagã que se utiliza da junção física de homem-animal para representar suas divindades. Neste caso, o bode, animal tido como símbolo de fertilidade, cede patas e cornos para a arte medieval representá-lo como personificação do mal. Neste momento, a figura de Satã é delineada claramente como o Anti-Cristo.

Assim, estabelece-se uma espécie de hierarquia demoníaca e uma classificação que é definida por "funções e poderes" de cada criatura. Encontra-se, por exemplo, referências aos Súcubos e aos Íncubos, que seriam, respectivamente, demônios de natureza feminina e masculina capazes de transmutar sua "aparência física" com o objetivo de manter relações sexuais com seres humanos durante o sono.

Ainda, a expressão legião é usada na literatura ocultista (e inclusive na própria bíblia) para se referir a um grupo de demônios: "E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? E lhe respondeu, dizendo: Legião é o meu nome, porque somos muitos" (Marcos – 5:9).

Demônios Modernos

Na transição entre os séculos XV e XVI, com o advento do Renascimento e do Iluminismo, alguns aspectos da espiritualidade humana foram subjugados em detrimento do progresso científico. Assim, a figura do demônio, inferno, dualidade e outros elementos que fundamentavam as crenças da Antiguidade e Medieval, também ficaram esquecidos.

Entretanto, sua imagem se difundido imensamente na cultura e nas artes ocidentais, como Mefistófeles em Fausto, de Goethe e Satã em Macário, de Álvares de Azevedo. Em cada uma das aparições, o demônio traz características distintas, ora hostil e agressivo; ora lúcido e irônico.

Já em meados do século XX, com início do movimento New Age, ressurgimento de algumas crenças pagãs e a propagação de doutrinas orientais, o demônio ressuscitou como um "objeto de estudo" e tornou-se alvo de adoração por seitas como Satanismo e Luciferianismo; porém, através de perspectivas bem particulares, não tendo necessariamente uma relação com princípios históricos e culturais.

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Seres Míticos - Elementais

Também conhecidos por Espíritos da Natureza, os Elementais podem ser compreendidos, sob uma definição laica, como seres (criaturas físicas ou espirituais) que habitam os quatro reinos da natureza (água, fogo, terra e ar) e podem exercer influência sobre os seres vivos.

O fundamento que conceitua e aborda a existência de seres da natureza teria origem no Bramanismo, antiga filosofia religiosa da Índia, antecessora do hinduísmo. Do mesmo modo, desde as primeiras civilizações surgidas, há referências sobre seres oriundos e habitantes da própria natureza. Na Grécia, Roma, Egito, China e Índia, acreditava-se na existência de seres que habitavam as águas, o ar, o fogo e a terra. Os gregos antigos referiam-se a estes seres como daemon (demônios). Entre os romanos, eram chamados de Genius Loci (Gênio Local) e eram alvos de adoração pela qual erigiam-se templos. Mesmo no folclore brasileiro, alguns personagens (como a Caipora e Mãe-d’água) possuem características comuns aos elementais.

A palavra elemental pode significar mente de Deus. Sendo assim, a origem destes seres poderia também estar diretamente associada a Deus. Neste caso, seriam "emanações" diretas da entidade criadora, que foram lançadas na Terra e encontram-se em processo constante de aprimoramento espiritual e moral. Ainda, antigas tradições afirmavam que todos os elementos da natureza possuem um "princípio inteligente". Deste modo, os elementais seriam diferentes.

Há alguns pontos curiosos sobre as lendas que circundam os elementais. Um ponto interessante é que mesmo pertencendo a reinos distintos, de modo que um não tenha possibilidade de penetrar nos outros reinos, os elementais poderiam travar verdadeiras batalhas entre si em "campo neutro"; ou seja, o mundo físico em que vive o ser humano. Os antigos acreditavam que, por exemplo, quando um raio atingia uma montanha, era um sinal de que elementais do ar atacavam elementais da terra. Ainda, uma mulher que gere uma criança sem que tenha ocorrido a copulação, terá este fato atribuído à ação dos elementais.

Através de um ponto de vista moderno, a crença na existência dos elementais pode não encontrar espaço e relevância. Embora, em diversas citações de notáveis da história da humanidade, há várias referências, como os filósofos Sócrates e Platão, o escultor renascentista Benvenuto Cellini, Santo Antônio, Napoleão Bonaparte e Sheakespeare.

O Alquimista e os Gnomos

Paracelso, em toda sua extensa obra, fez várias citações diretas a respeito dos elementais. O alquimista teria tomado conhecimento e interessado-se pelo tema em suas viagens ao oriente. Segundo ele, os quatro elementos originais do universo eram constituídos de dois princípios distintos: um metafísico (sutil e vaporoso) e outro físico (substância corporal). Os elementais seriam seres compostos do primeiro princípio, uma substância conhecida por éter. De outro modo, os corpos dos elementais são constituídos de uma matéria trans-substancial; que, em momento algum, se assemelha ao corpo físico dos homens.

Ainda, segundo Paracelso, "os Elementais não são espíritos porque têm carne, sangue e ossos; vivem e se reproduzem; eles falam, agem, dormem, acordam e, conseqüentemente não podem ser chamados, propriamente, espíritos. Estes seres ocupam um lugar entre Homens e Espíritos, são semelhantes a ambos; lembram homens e mulheres em sua organização e forma, e lembram espíritos na rapidez de sua locomoção"; ainda "Os Elementais possuem habitações, roupagens, costumes, linguagem e governo próprios, no mesmo sentido que as abelhas têm suas rainhas e os bandos e/ou comunidades animais têm seus líderes" (Philosophia Occulta – Tradução de Franz Hartman).

O alquimista medieval ainda afirma que os elementais não são imortais. Sua longevidade estaria entre 300 e 1000 anos. Ao morrerem, se desintegram e retornam a substância da qual se originou. Os elementais pertencentes ao plano terrestre têm uma probabilidade menor de vida; enquanto os elementais do ar tendem a viver por um período maior. Os seres humanos, por não disporem de total desenvolvimento de suas capacidades psíquicas e espirituais, não seriam capazes de ver ou se relacionar diretamente com os elementais.

Os reinos dos elementais

Segundo Paracelso, os elementais dividem-se em quatro "categorias" distintas, sendo que cada uma está associada a um reino da natureza. Em outras interpretações, os elementais também estão associados a um ponto cardeal e a um dos quatro principais signos do zodíaco; sendo os gnomos ao norte e ao signo de Touro, ondinas ao oeste e ao signo de Escorpião, salamandras ao sul e ao signo de Leão e silfos ao leste e ao signo de Aquário.

Na citação direta de Paracelso: "habitam os quatros elementos: Ninfas, na água; Silfos, no ar; Pygmies, da terra e Salamandras, no fogo. São também chamados Ondinas, Silvestres, Gnomos e Vulcanos. Cada espécie somente pode habitar e locomover-se no Elemento ao qual pertence e nenhum pode subsistir fora do Elemento apropriado. O Elemento está, para o Elemental, como a atmosfera está para o Homem; como a água para os peixes e nenhum deles sobrevive em elemento pertencente à outra classe. Para o Ser Elemental o Elemento no qual ele vive é transparente, invisível e respirável, como a atmosfera para nós mesmos" (Philosophia Occulta – Tradução de Franz Hartman).

Gnomos

Os gnomos são os elementais correspondentes ao reino da terra e subdividem-se em duas classes: os Pygmies e uma segunda classe denominada Espíritos das Árvores e das Florestas que abrange os silvestres, os sátiros, os pans, as dríades, hamadríades, durdalis, elfos e os duendes.

Os Pygmies atuam com pedras preciosas e metais que inclui o corte dos cristais de rocha e o desenvolvimento dos veios minerais. São guardiões de tesouros ocultos e habitam cavernas e subterrâneos que as antigas tradições escandinavas denominavam Land of the Nibelungen (Terra dos Nibelungos). Os Espíritos das Árvores e das Florestas estão associados a elementos da natureza terrena de um modo geral, como as Hamadríades que nascem e morrem com as plantas ou árvores das quais fazem parte.

De um modo mais abrangente, os elementais pertencentes ao reino da terra e à vida vegetal, atuam na própria criação e proteção dos indivíduos, rejeitando nutrientes, preservando as sementes, entre outras atividades.

Há uma organização social formada por famílias de gnomos e uma hierarquia encabeçada por um rei. Sobre seu comportamento, alguns autores afirmam que são seres hábeis, inteligentes e amigáveis ao ser humano. Outras fontes asseguram que podem ser extremamente maldosos. Entretanto, em qualquer situação, após conquistar sua confiança, o gnomo torna-se solícito e cooperativo. Seriam, ainda, excelentes companheiros para auxiliar no sucesso de tarefas mágicas, desde que estas fossem realizadas com propósitos benéficos. Caso contrário, ao perceber más intenções e sentir-se traído, o elemental volta-se contra o mago.

Ondinas

As ondinas são os elementais pertencentes ao reino da água. Por uma associação natural do simbolismo da água ao pólo feminino da criação, os seres deste reino são comumente representados como mulheres. Há diversas classes de ondinas, como oreades, nereidas, náiades e as mais populares sereias. Estando cada classe relacionada a uma situação determinada, como rios, lagos, cachoeiras e oceanos.

As ondinas são capazes de interagir livremente com criaturas aquáticas. Em seu aspecto "físico", uma ondina possui o dorso de uma mulher e os membros inferiores substituídos por uma cauda de peixe. Embora, eventualmente, possam trans- figurar-se provisoriamente em humano e conviver normalmente entre os homens. Relatos sobre ondinas (geralmente classificadas como sereias) que emitem um canto hipnótico e atraem marinheiros às profundezas das águas são comuns em diversas culturas. Em seu comportamento, são consideradas seres emotivos e amigáveis com o homem, a ponto de servir aos humanos.

Salamandras

As salamandras estão relacionadas ao fogo. De acordo com as crenças dos místicos medievais, não há fogo ou calor sem que as salamandras atuem. Entre os elementais, são consideradas as mais poderosas e menos amistosas ao homem. Do mesmo modo que os outros elementais, as salamandras estão subdivididas em classes. A mais conhecida destas classes e denominada Acthnici.

Sobre estes seres, Paracelso diz que "salamandras têm sido vistas de diversas formas desde bolas de fogo até línguas de fogo, correndo sobre os campos ou espreitando nas casas". Outras crenças atribuíam aparições de salamandras em uma forma esférica flutuando pela noite acima das águas; também como forquilhas de chamas sobre os rebanhos de ovelhas (esta segunda situação é conhecida como o Fogo de Santelmo).

Seu aspecto assemelha-se à lagartos. Ainda, para que um humano possa conectar-se com estes seres, eram fabricados incensos que, através da fumaça produzida, estes elementais poderiam se manifestar.

Silfos

Os silfos pertencem ao quarto reino da natureza, o ar. Porém, o ar (como elemento) referido não é a atmosfera propriamente dita, e sim uma substância muito mais sutil e intangível ao homem. Entre os silfos, enquadram-se as conhecidíssimas Fadas.

Era comum a crença de que estes seres habitavam o cume das mais altas montanhas da Terra ou as nuvens. Segundo as antigas crenças, os silfos têm por função modelar os cristais de gelo para que transformem-se em flocos de neve. Sua longevidade atingia em torno de 1000 anos e teriam a capacidade de transmutar temporariamente sua aparência de modo a se assemelharem aos humanos. Seu comportamento é alegre, volúvel e excêntrico.

Elementais & Culturas

Sob o ponto de vista dos primeiros anos do cristianismo, todas as classes de elementais foram reunidas e consideradas como daemon (demônios). Por conseqüência, a estes seres foi atribuída uma imagem negativa que, em alguns casos, permanece atualmente. Elementais também foram confundidos com Súcubos e Incubos.

Há um registro interessante, atribuído a São Jerônimo, de um sátiro (elemental pertencente ao reino da terra) que havia sido capturado durante o reinado do imperador romano Constantino. Esta criatura seria fisicamente semelhante a um humano; entretanto, possuía chifres e pés de caprinos. O sátiro, após a morte, teria tido seu corpo preservado em sal e sido entregue ao imperador.

As tradições pagãs européias promoviam rituais para conectar-se com os elementais de modo que estes pudessem intervir na prosperidade das colheitas. Sob a análise da angelologia, os elementais seriam formas inferiores de anjos. Do mesmo modo que os anjos atuam conduzindo a energia criadora sobre os homens, os elementais seriam responsáveis pela condução desta energia e direcioná-la aos reinos minerais, vegetais, etc.

No início do século XX, precisamente em 1917, duas crianças inglesas, Frances Griffiths e Elsie Wright, apresentaram fotografias nas quais, supostamente, brincavam com fadas em um bosque na região em que moravam. A farsa foi dissolvida apenas no início da década de 80, quando as mesmas garotas, já idosas, confessaram: as fadas haviam sido feitas de papel e presas por alfinetes.

Atualmente, os elementais estão fortemente associados a doutrinas esotéricas bastante diversificadas entre si, e a imagem de gnomos e fadas tornou-se quase um arquétipo no ocidente. É possível, aos mais céticos, negar a existência destas criaturas; entretanto, não é possível ignorar a significância e profundidade da influência que os elementais exercem em diversos aspectos culturais das sociedades ao longo dos tempos.

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Seres Míticos - Anjos

A palavra Anjo (do grego Angelus e do latim Angelu) de forma geral, significa mensageiro ou emissário. No entanto, mais do que o significado puro da palavra, os anjos têm uma presença imensamente importante na religiosidade de diversas culturas.

Sob uma análise mais ampla, anjos são entidades espirituais incumbidas de conduzir a palavra e a vontade divina entre os seres humanos. São imortais, dotados de inteligência superior ao intelecto do homem, possuem vontade e personalidade própria.

No período histórico que corresponde à Antiguidade, entre civilizações pré-cristãs, já são encontradas alusões à seres de origem divina que trazem uma conotação muito próxima da que atualmente é atribuída aos anjos. Esta acepção está freqüentemente associada à diversas religiões, embora seja mais comum e difundida no cristianismo.

Os anjos estão presentes dentro de algumas doutrinas esotéricas, sendo possível, através de rituais específicos, estabelecer um canal de comunicação com estas criaturas e potencializar suas influências sobre atividades cotidianas do homem.

No Espiritismo, os anjos são considerados "espíritos desencarnados" que se comunicam com o mundo físico. Na astrologia, os planetas estão associados aos anjos, como por exemplo, Miguel está relacionado ao Sol, Gabriel à Lua e Samael ao planeta Marte. Nas tradições orientais, os anjos são comumente representados vestindo túnicas esvoaçantes. Entre os tibetanos há a crença de anjos chamados de Dakas e anjos do sexo feminino chamadas de Dakinis.

Na tradição judaico-cristã os anjos foram criados por Deus para agirem diretamente sobre a terra e conduzir a mensagem divina. Também assumem um caráter combativo ao portarem "espadas de fogo" e colocarem-se como guardiões do Reino do Céu.

Tanto no antigo como no novo Testamento há diversas citações sobre anjos. Como exemplo, as passagens de Maria e o Anjo Gabriel e o episódio da tentação de Cristo no deserto. No livro de Lucas (Cap. I) o Anjo Gabriel dirige-se à Maria: "E, entrando o anjo onde ela estava disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo" e "Disse-lhe então o anjo: Não temas, Maria; pois achaste graça diante de Deus".

No episódio da Tentação de Jesus, (Matheus - Cap. VI - Versículo IV) o demônio persuade Cristo: "e disse-lhe: Se tu és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito; e: eles te susterão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra."

Ainda, sob uma abordagem cristã, mas já combinada com o sincretismo popular, há os chamados "Anjos da Guarda", que seriam "anjos pessoais" que cada ser humano teria ao seu lado com a função de protegê-lo e guiá-lo.

No entanto, anjos não trazem apenas idéias positivas. Como exemplo, Lúcifer, em sua origem, também era um anjo que se rebelou contra a onipotência divina e, por este motivo, foi expulso do Reino do Céu.

Hierarquia Angelical

Entre os anjos haveria uma espécie de hierarquia distinta entre classes e funções. Sendo assim, são nove ordens compostas por Serafins, Querubins, Tronos, Dominações, Potências, Virtudes, Principados, Arcanjos e Anjos, divididas em três grupos:

Primeira Tríade

Formada por "anjos de existência superior" que têm íntimo contato com Deus e dedicam-se a adorar seu criador. Nesta primeira tríade encontram-se os Serafins, Querubins e Tronos.

Os Serafins (do hebreu queimar ou consumir) são responsáveis por assistirem ao trono divino. Os Querubins (do hebraico Chérub, que pode ser interpretado como plenitude de sabedoria e ciência) são seres que detêm o conhecimento e atuam como mensageiros de Deus. Os Tronos são os guardiões do planeta e têm a missão de auxiliar outros anjos de ordens inferiores.

Segunda Tríade

Composta por Príncipes da Corte Celestial que se dividem em Dominações, Potências e Virtudes. Os anjos da classe Dominações são responsáveis pela observação do cumprimento das ordens de Deus por parte de outras classes angelicais. Atribuem aos outros anjos funções específicas e atuam como elemento de integração entre os mundos materiais e espirituais.

Os anjos pertencentes à classe Potência são responsáveis pela proteção dos animais e são capazes de operar milagres. Dentro desta classe há os anjos responsáveis pelo nascimento e morte humana.

Virtudes é a terceira classe desta tríade e é responsável pela eliminação dos obstáculos naturais que interferem no cumprimento da vontade divina. São portadores e condutores de bênçãos que se refletem em milagres.

Terceira Tríade

A Terceira Tríade angelical é responsável pela condução dos caminhos dos homens e das nações. Este grupo é formado por Principados, Arcanjos e Anjos. Os Principados são responsáveis pela guarda dos países e das cidades, reinos e províncias; além da fauna e flora da Terra.

Os Arcanjos são aqueles que servem à Deus e aos homens. São responsáveis por vários aspectos da existência humana, como a sabedoria e os bons relacionamentos. Os Arcanjos também são encarregados de enfrentar diretamente as legiões demoníacas.

Os Anjos são os que estão mais próximos da humanidade e zelam pelo bom desenvolvimento do homem na Terra. São responsáveis diretos pelo auxílio dos seres humanos em atividades cotidianas, incluindo necessidades do plano material. É nesta classe que se encontram os populares Anjos da Guarda.

Iconografia Angelical

Apesar de serem representados artisticamente desde as primeiras civilizações, a imagem dos anjos tornou-se muito mais freqüente na Idade Média. Neste período, sob forte influência da Igreja Católica, os anjos deixaram de ser apenas uma idéia presente no imaginário popular e um elemento da religiosidade, para adquirirem cores nas telas e gravuras medievais e ganharem formas físicas nas esculturas que compõem as catedrais góticas.

Nestes casos, geralmente, o Anjo é representado como uma criança ou um belo jovem. Em ambas as situações são atribuídas asas de pássaro e uma auréola sobre a cabeça. Estes elementos simbolizam valores morais como inocência, santidade e bondade.

Ainda, na arte cemiterial, os anjos são freqüentemente encontrados não apenas como um ornamento funerário, mas principalmente com um simbolismo próprio que pode representá-los como um mensageiro de Deus, como aquele que conduz o falecido ao Reino Divino ou como a ressurreição do espírito, entre outros.

Entretanto, mais do que as representações artísticas, os anjos têm um papel fundamental na psique humana. A crença em seres superiores que acompanham os homens e os conduzem por toda sua vida funcionando como um elo entre o divino e o humano, auxilia no desenvolvimento e fortalecimento da fé, gerando um conforto psicológico e espiritual.

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Seres Míticos - Vampiros

A palavra Vampiro surgiu por volta do século XVIII. Tem origem no idioma sérvio como Vampir, e sua forma básica é invariável nos idiomas tcheco, russo, búlgaro e húngaro.

Lendas oriundas da Eslováquia e da Hungria, estabelecem que a alma de um suicida deixava seu sepulcro durante as noites para atacar os humanos, sugava o sangue e retornava como morcego para o túmulo, antes do nascer do sol. Assim, suas vítimas também tornavam-se vampiros após a morte. As civilizações da Assíria e Babilônia, também registram lendas sobre criaturas que sugavam sangue de seres humanos e animais de grande porte. Outros mitos pregam que as pessoas que morrem excomungadas, tornam-se mortos-vivos vagando pela noite e alimentando-se de sangue, até que os sacramentos da Igreja os libertem. Crianças não-batizadas, e o sétimo filho de um sétimo filho também se tornariam vampiros.

O lendário Livro de Nod, originalmente concebido por White-Wolf para o RPG Vampiro - A Máscara, narra a origem dos vampiros. Além de A Crônica das Sombras revelando os ensinamentos ocultos de Caim; e A Crônica dos Segredos que revela os mistérios vampíricos.

A tradição judaico-cristã, prega a origem dos vampiros associada aos personagens bíblicos Caim e Abel. Como é descrito, Caim foi amaldiçoado por Deus pelo assassinato de seu irmão, Abel. Os Anjos do Criador foram até ele exigir que se redimisse. Orgulhoso, recusou-se e acatou as punições impostas pelos Anjos. A partir deste momento, Caim via-se condenado a solidão e vida eterna, temendo o fogo e a luz, longe do convívio dos mortais.

Caim foi anistiado por Deus após sofrer durante uma era inteira. De volta ao mundo terreno dos homens, fundou e fez-se rei da primeira cidade chamada Enoque. Mas ainda temia a luz, o fogo, e a solidão da eternidade.

Passado-se muitos anos de prosperidade em Enoque, Caim ainda sentia-se só devido a sua imortalidade. Abatido e desmotivado, acabou por cometer outro grande erro: gerou três filhos, que posteriormente geraram outros. Seguiram-se tempos de paz até que chegou o grande dilúvio e lavou toda a Terra. Na cidade de Enoque, sobreviveram apenas Caim, seus filhos, netos e uns poucos mortais. Caim recusou-se a reconstruir a cidade, pois considerava o dilúvio um castigo divino por ter subvertido as leis naturais e gerado seres amaldiçoados como ele. Assim, sua prole reergueu Enoque e assumiu o poder perante os mortais.

Após um período de paz e prosperidade, os sucessores de Caim passaram a travar batalhas entre si. A autoridade dos governantes foi revogada, e tanto os mortais como os membros da prole sentiam-se livres para fundar outras cidades e tornar seu próprio rei. Dessa forma, os imortais ascendentes de Caim, espalharam-se por toda a Terra.

Nesta versão da origem dos vampiros, vimos que tudo teve início com uma maldição divina atribuída a Caim, e depois herdada por sua prole. Porém, torna-se muito difícil estabelecer um limite entre os fatos e as lendas que circundam o mito vampírico, já que boa parte destas informações confunde-se entre os relatos e pesquisas históricas coerentes, com a ficção dos filmes e RPG’s.

Na lenda de Caim, a conotação do termo Vampiro ainda está ligada apenas ao sentido de imortalidade, solidão e aversão a luz. A relação estabelecida entre a longevidade e a sede pelo sangue (que caracteriza a imagem mais comum dos vampiros), deve-se possivelmente, a personagens lendários que viviam anos incalculáveis alimentando-se de sangue humano, após terem firmado supostos pactos com entidades malignas. Outras versões são encontradas em diferentes culturas, e todas combinam fatos históricos com a crendice regional. Portanto, a maior parte dos povos possui uma entidade sobrenatural que alimenta-se de sangue, imortal e considerada maldita. O mito do vampiro é um ponto comum entre várias civilizações desde a Antigüidade.

Uma das maiores referências do mito vampírico é o sanguinário Vlad Tepes (ou Vlad III), que existiu realmente no século XV na Transilvânia. Porém, ele governou apenas a Valáquia, que era uma região vizinha. Apesar da crueldade extrema com os inimigos, Vlad III não possuía nenhuma ligação com os vampiros. O termo Drácula (Dracul, originalmente significa Dragão) foi herdado de seu pai, Vlad II, que foi cavaleiro da Ordem do Dragão. Provavelmente, a confusão se deu através da semelhança entre os termos Drache, que era o título de nobreza atribuído à Vlad II, e Drac que significa Diabo.

A relação entre Vlad III e o mito vampírico foi dada pelo escritor Bram Stocker. O autor de Drácula inspirou-se (provavelmente) nas atrocidades cometidas por Vlad III, e as incorporou em seu personagem principal. A partir deste momento, Vampiro e Drácula tornaram-se praticamente sinônimos na literatura e nas crenças populares.

No Brasil também encontra-se mitos relacionados aos vampiros e outros seres semelhantes. Neste caso, os registros entrelaçam-se com o rico folclore das várias regiões do país. Desde os centros urbanos, até as áreas menos desenvolvidas do Brasil, é comum ouvir-se relatos dos ataques sanguinários de criaturas que perambulam pelas madrugadas. Na maioria das vezes, essas histórias assemelham-se muito com as lendas européias.

Na mitologia indígena existe o Cupendipe, que apesar de não possuir a sede de sangue caracterizada pelos vampiros, possui asas de morcego, sai de sua gruta apenas durante a noite e ataca as pessoas usando um machado.

No nordeste brasileiro conta-se a história do Encourado. Um homem de hábitos noturnos, que usa trajes de couro preto, exalando um odor de sangria. O Encourado ataca animais e seres humanos para sugar-lhes o sangue. Prefere as pessoas que não freqüentam igrejas. Porém, os habitantes das cidades por onde o Encourado passa, oferecem-lhe o sacrifício de criminosos, crianças ou animais de pequeno porte.

Em Manaus, há relatos da presença de uma vampira que atacava os moradores, sugando o sangue através da jugular e deixando marcas de dentes em sua vítimas, exatamente como é contada nos cinemas. Após os ataques, a vampira corria em direção a um rio e transformava-se em sereia, desaparecendo na água. A Vampira do Amazonas possui a capacidade de transmutar-se e força física descomunal.

Em maio de 1973 no município paulista de Guarulhos, foi encontrado o corpo de um rapaz com as perfurações características em seu pescoço. Esse é apenas um exemplo da hipotética ação de vampiros em zonas urbanas. Neste caso, os relatos transcendem a fronteira da boataria e do folclore.

Por Spectrum


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* O Livro de Nod, é uma colaboração de Thalita Lima


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Métodos de Tortura e Execução na Idade Média

Durante a atuação da Santa Inquisição em toda a Idade Média, a tortura era um recurso utilizado para extrair confissões dos acusados de pequenos delitos, até crimes mais graves. Diversos métodos de tortura foram desenvolvidos ao longo dos anos. Os métodos de tortura mais agressivos eram reservados àqueles que provavelmente seriam condenados à morte.

Além de aparelhos mais sofisticados e de alto custo, utilizava-se também instrumentos simples como tesouras, alicates, garras metálicas que destroçavam seios e mutilavam órgãos genitais, chicotes, instrumentos de carpintaria adaptados, ou apenas barras de ferro aque- cidas. Há ainda, instrumentos usados para simples imobilização da vítima. No caso específico da Santa Inquisição, os acusados eram, geralmente, torturados até que admitissem ligações com Satã e práticas obscenas. Se um acusado denunciasse outras pessoas, poderia ter uma execução menos cruel.

Os inquisidores utilizavam-se de diver- sos recursos para extrair confissões ou "comprovar" que o acusado era feiticeiro. Segundo registros, as vítimas mulheres eram totalmente depiladas pelos tortura- dores que procuravam um suposto sinal de Satã, que podia ser uma verruga, uma mancha na pele, mamilos excessivamente enrugados (neste caso, os mamilos re- presentariam a prova de que a bruxa "amamentava" os demônios) etc. Mas este sinal poderia ser invisível aos olhos dos torturadores. Neste caso, o "sinal" seria uma parte insensível do corpo, ou uma parte que se ferida, não verteria sangue. Assim, os torturadores espetavam todo o corpo da vítima usando pregos e lâminas, à procura do suposto sinal.

No Liber Sententiarum Inquisitionis (Livro das Sentenças da Inquisição) o padre dominicano Bernardo Guy (Bernardus Guidonis, 1261-1331) descreveu vários métodos para obter confissões dos acusados, inclusive o enfraquecimento das forças físicas do prisioneiro. Dentre os descritos na obra e utilizados comumente, encontra-se tortura física através de aparelhos, como a Virgem de Ferro e a Roda do Despedaçamento; através de humilhação pública, como as Máscaras do Escárnio, além de torturas psicológicas como obrigar a vítima a ingerir urina e excrementos.

De uma forma geral, as execuções eram realizadas em praças públicas e tornava-se um evento onde nobres e plebeus deliciavam-se com a súplica das torturas e, conseqüentemente, a execução das vítimas. Atualmente, há dispostos em diversos museus do mundo, ferramentas e aparelhos utilizados para a tortura.


Métodos de torturas


Roda de despedaçamento

Uma roda onde o acusado é amarrado na parte externa. Abaixo da roda há uma bandeja metálica na qual ficavam depositadas a brasas. À medida que a roda se movimentava em torno do próprio eixo, o acusado era queimado pelo calor produzido pelas brasas. Por vezes, as brasas eram substituídas por agulhas metálicas.

Este método foi utilizado entre 1100 e 1700 em países como Inglaterra, Holanda e Alemanha.



Dama de Ferro

A dama de Ferro é uma espécie de sarcófago com espinhos metálicos na face interna das portas. Estes espinhos não atingiam os órgãos vitais da vítima, mas feriam gravemente. Mesmo sendo um método de tortura, era comum que as vítimas fossem deixadas lá por vários dias, até que morressem.

A primeira referência confiável de uma execução com a Dama de Ferro, data de 14 de Agosto de 1515. A vítima era um falsificador de moedas.




Berço de Judas

Peça metálica em forma de pirâmide sustentada por hastes. A vítima, sustentada por correntes, é colocada "sentada" sobre a ponta da pirâmide. O afrouxamento gradual ou brusco da corrente manejada pelo executor fazia com Adicionar imagemque o peso do corpo pressionasse e ferisse o ânus, a vagina, cóccix ou o saco escrotal.

O Berço de Judas também é conhecido como Culla di Giuda (italiano), Judaswiege (alemão), Judas Cradle ou simplesmente Cradle (inglês) e La Veille (A Vigília, em francês).


Garfo

Haste metálica com duas pontas em cada extremidade semelhantes a um garfo. Presa por uma tira de couro ao pescoço da vítima, o garfo pressiona e perfura a região abaixo do maxilar e acima do tórax, limitando os movimentos. Este instrumento era usado como penitência para o herege.



Garras de gato

Uma espécie de rastelo usado para açoitar a carne dos prisioneiros.



Pêra

Instrumento metálico em formato semelhante à fruta. O instrumento era introduzido na boca, ânus ou vagina da vítima e expandia-se gradativamente. Era usada para punir, principalmente, os condenados por adultério, homossexualismo, incesto ou "relação sexual com Satã".


Máscaras

A máscara de metal era usada para punir delitos menores. As vítimas eram obrigadas a se exporem publicamente usando as máscaras. Neste caso, o incômodo físico era menor do que a humilhação pública.


Cadeira

Uma cadeira coberta por pregos na qual a vítima era obrigada a sentar-se despida. Além do próprio peso do corpo, cintos de couro pressionavam a vítima contra os pregos intensificando o sofrimento. Em outras versões, a cadeira possuía uma bandeja na parte inferior, onde se depositava brasas. Assim, além da perfuração pelos pregos, a vítima também sofria com queimaduras provocadas pelo calor das brasas.




Cadeira das bruxas

Uma espécie de cadeira na qual a pessoa era presa de costas no acento e as pernas voltadas para cima, no encosto. Este recurso era usado para imobilizar a vítima e intimidá-la com outros métodos de tortura.



Cavalete

A vítima era posicionada de modo que suas costas ficassem apoiadas sobre o fio cortante do bloco. Os braços eram presos aos furos da parte superior e os pés presos às correntes da outra extremidade. O peso do corpo pressionava as costas do condenado sobre o fio cortante.

Dessa forma, o executor, através de um funil ou chifre oco introduzido na boca da vítima, obrigava-a ingerir água. O executor tapava o nariz da vítima impedindo o fluxo de ar e provocando o sufocamento. Ainda, há registros de que o executor golpeava o abdômen da vítima danificando os órgãos internos da vítima.


Esmaga cabeça

Como um capacete, a parte superior deste mecanismo pressiona, através de uma rosca girada pelo executor, a cabeça da vítima, de encontro a uma base na qual encaixa-se o maxilar. Apesar de ser um instrumento de tortura, há registros de vítimas fatais que tiveram os crânios, literalmente, esmagados por este processo. Neste caso, o maxilar, por ser menos resistente, é destruído primeiro; logo após, o crânio rompe-se deixando fluir a massa cerebral.



Quebrador de joelhos

Aparelho simples composto por placas paralelas de madeira unidas por duas roscas. À medida que as roscas eram apertadas pelo executor, as placas, que podiam conter pequenos cones metálicos pontiagudos, pressionavam os joelhos progressivamente, até esmagar a carne, músculos e ossos.

Esse tipo de tortura era usualmente feito por sessões. Após algumas horas, a vítima, já com os joelhos bastante debilitados, era submetida a novas sessões.


Mesa de evisceração

O condenado era preso sobre a mesa de modo que mãos e pés ficassem imobilizados. O carrasco, manualmente, produzia um corte sobre o abdômen da vítima. Através desta incisão, era inserido um pequeno gancho, preso a uma corrente no eixo. O gancho (como um anzol) extraía, aos poucos, os órgãos internos da vítima à medida que o carrasco girava o eixo.


Pêndulo

Um dos mecanismos mais simples e comuns na Idade Média. A vítima, com os braços para traz, tinha seus pulsos amarrados (como algemas) por uma corda que se estendia até uma roldana e um eixo. A corda puxada violentamente pelo torturador, através deste eixo, deslocava os ombros e provocava diversos ferimentos nas costas e braços do condenado.

Também era comum que o carrasco elevasse a vítima a certa altura e soltasse repentina- mente, interrompendo a queda logo em seguida. Deste modo, o impacto produzido provocava ruptura das articulações e fraturas de ossos. Ainda, para que o suplício fosse intensificado, algumas vezes, amarrava-se pesos às pernas do condenado, provocando ferimentos também nos membros inferiores. O pêndulo era usado como uma "pré-tortura", antes do julgamento.


Potro

Uma espécie de mesa com orifícios laterais. A vítima era deitada sobre a mesa e seus membros, (partes mais resistentes das pernas e braços, como panturrilha e antebraço), presos por cordas através dos orifícios. As cordas eram giradas como uma manivela, produzindo um efeito como um torniquete, pressionando progressivamente os membros do condenado.

Na legislação espanhola, por exemplo, havia uma lei que regulamentava um número máximo de cinco voltas na manivela; para que caso a vítima fosse considerada inocente, não sofresse seqüelas irreversíveis. Mesmo assim, era comum que os carrascos, incitados pelos interro- gadores, excedessem muito esse limite e a vítima tivesse a carne e os ossos esmagados.


Métodos de Execução


Guilhotina

Inventada por Ignace Guillotine, a guilhotina é um dos mecanismos mais conhecidos e usados para execuções. A lâmina, presa por uma corda e apoiada entre dois troncos verticais, descia violentamente decapitando o condenado.






O Serrote

Usada principalmente para punir homossexuais, o serrote era uma das formas mais cruéis de execução. Dois executores, cada um e uma extremidade do serrote, literalmente, partiam ao meio o condenado, que preso pelos pés com as pernas entreabertas e de cabeça para baixo, não tinha a menor possibilidade de reação. Devido à posição invertida que garantia a oxigenação do cérebro e continha o sangramento, era comum que a vítima perdesse a consciência apenas quando a lâmina atingia a altura do umbigo.


Espada, machado e cepo

As decapitações eram a forma mais comum de execução medieval. A decapitação pela espada, por exigir uma técnica apurada do executor e ser mais suave que outros métodos, era, geralmente, reservada aos nobres. O executor, que apurava sua técnica em animais e espantalhos, ceifava a cabeça da vítima num único golpe horizontal atingindo o pescoço do condenado.

O machado era usado apenas em conjunto com o cepo. A vítima era posta ajoelhada com a coluna curvada para frente e a cabeça apoiada no cepo. O executor, num único golpe de machado, atingia o pescoço da vítima decepando-a.


Garrote

Um tronco de madeira com uma tira de couro e um acento. A vítima era posicionada sentada na tábua horizontal de modo que sua coluna fique ereta em contato com o tronco. A tira de couro ficava na altura do pescoço e, à medida que era torcida pelo carrasco, asfixiava a vítima. Há ainda uma variação na qual, preso ao tronco na altura da nuca da vítima, encontrava-se uma punção de ferro. Esta punção perfurava as vértebras da vítima à medida que a faixa de couro era apertada. O condenado podia falecer tanto pela perfuração produzida pela punção quanto pela asfixia.



Gaiolas suspensas

Eram gaiolas pouco maiores que a própria vítima. Nela, o condenado, nu ou seminu, era confinado e a gaiola suspensa em postes de vias públicas. O condenado passava dias naquela condição e morria de inanição, ou frio em tempos de inverno. O cadáver ficava exposto até que se desintegrasse.





Submersão

A submersão podia ser usada como uma técnica de interrogatório, tortura ou execução. Neste método, a vítima é amarrada pelos braços e suspensa por uma roldana sobre um caldeirão que continha água ou óleo fervente. O executor soltava a corda gradativamente e a vítima ia submergindo no líquido fervente.

Empalação

Este método foi amplamente utilizado pelo célebre Vlad Tepes. A empalação consistia em inserir uma estaca no ânus, umbigo ou vagina da vítima, a golpes de marreta. Neste método, a vítima podia ser posta "sentada" sobre a estaca ou com a cabeça para baixo, de modo que a estaca penetrasse nas entranhas da vítima e, com o peso do próprio corpo, fosse lentamente perfurando os órgãos internos. Neste caso, dependendo da resistência física do condenado e do comprimento da estaca, a agonia se estendia por horas.


Cremação

Este é um dos métodos de execução mais conhecidos e utilizados durante a inquisição. Os condenados por bruxaria ou afronta à igreja católica eram amarrados em um tronco e queimados vivos. Para garantir que morresse queimada e não asfixiada pela fumaça, a vítima era vestida com uma camisola embebida em enxofre.




Estiramento

A vítima era posicionada na mesa horizontal e seus membros presos às correntes que se fixavam num eixo. À medida que o eixo era girado, a corrente esticava os membros e os ossos e músculos do condenado desprendiam-se. Muitas vezes, a vítima agonizava por várias horas antes de morrer.

Extraído de:

Ad Tenebras

Mistérios Antigos

Occult Portal Medieval and Mythological Area

Adaptado por Spectrum


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Santa Inquisição

"Não permitirás que viva uma feiticeira".
(Êxodo – Cap. XXII – Versículo XVIII)

No século IV, quando o Cristianismo se propagava, a Igreja Católica havia tomado santuários e templos sagrados de povos pagãos, para implantar sua religiosidade e erigir suas igrejas. Nos primórdios do Catolicismo, acreditavam que os pagãos continuariam a freqüentar estes lugares sagrados para reverenciarem seus Deuses. Mas com o passar do tempo, assimilariam o cristia- nismo substituindo o paganismo, através da anulação.

Mesmo assim, por toda a parte, havia uma constante veneração às divindades pagãs. Ao longo dos séculos, a estratégia da Igreja Católica não funcionou, e através da Inquisição, de uma forma ensandecida e sádica, as autoridades eclesiásticas tentaram apagar de uma vez por todas a figura da Grande Deusa Mãe, como principal divindade cultuada sobre todos os extremos da Terra. O Catolicismo medieval transfor- mou o culto à Grande Deusa Mãe, num culto satânico, promo- vendo uma campanha de que a adoração dos deuses pagãos era equivalente à servidão a satã.

Inquisição é o ato de inquirir, isto é, indagar, investigar, interrogar judicialmente. No caso da Santa Inquisição, significa "questionar judicialmente aqueles que, de uma forma ou de outra, se opõem aos preceitos da Igreja Católica". Dessa forma, a Santa Inquisição, também conhecida como Santo Ofício, foi um tribunal eclesiástico criado com a finalidade "oficial" de investigar e punir os crimes contra a fé católica. Na prática, os pagãos representavam uma constante ameaça à autoridade clerical e a Inquisição era um recurso para impor à força a supremacia católica, exterminando todos que não aceitavam o cristianismo nos padrões impostos pela Igreja. Posteriormente, a Santa Inquisição passou a ser utilizada também como um meio de coação, de forma a manipular as autoridades como meio de obter vantagens políticas.

A caça às bruxas

A Santa Inquisição teve seu início no ano de 1184, em Verona, com o Papa Lúcio III. Em 1198, o Papa Inocêncio III já havia liderado uma cruzada contra os albigenses (hereges do sul da França), promovendo execuções em massa. Em 1229, sob a liderança do Papa Gregório IX, no Concílio de Tolouse, foi oficialmente criada a Inquisição ou Tribunal do Santo Ofício. Em 1252, o Papa Inocêncio IV publicou o documento intitulado Ad Exstirpanda, que foi fundamental na execução do plano de exterminar os hereges. O Ad Exstirpanda foi renovado e reforçado por vários papas nos anos seguintes. Em 1320, a Igreja (a pedido do Papa João XXII) declarou oficialmente que a Bruxaria, e a Antiga Religião dos pagãos constituíam um movimento e uma "ameaça hostil" ao cristianismo.

Os inquisidores, cidadãos encarregados de investigar e denunciar os hereges, eram doutores em Teologia, Direito Canônico e Civil. Inquisidores e informantes eram muito bem pagos. Todos os que testemunhassem contra uma pessoa supostamente herege, recebiam uma parte de suas propriedades e riquezas, caso a vítima fosse condenada.

Os inquisidores deveriam ter no mínimo 40 anos de idade. Sua autoridade era outorgada pelo Papa através de uma bula, que também podia incumbir o poder de nomear os inquisidores a um Cardeal representante, bem como a padres e frades franciscanos e dominicanos. As autoridades civis, sob a ameaça de excomunhão em caso de recusa, eram ordenadas a queimar os hereges. Camponeses eram incentivados (ludibriados com a promessa de ascenderem ao reino divino ou através de recompensas financeras) a cooperarem com os inquisidores. A caça às Bruxas tornou-se muito lucrativa.

Geralmente as vítimas não conheciam seus acusadores, que podiam ser homens, mulheres e até crianças. O processo de acusação, julgamento e execução era rápido, sem formalidades, sem direito à defesa. Ao réu, a única alternativa era confessar e retratar-se, renunciar sua fé e aceitar o domínio e a autoridade da Igreja Católica. Os direitos de liberdade e de livre escolha não eram respeitados. Os acusados eram feitos prisioneiros e, sob tortura, obrigados a confessarem sua condição herética. As mulheres, que eram a maioria, comumente eram vítimas de estupro. A execução era realizada, geralmente, em praça pública sob os olhos de todos os moradores. Punir publicamente era uma forma de coagir e intimidar a população. A vítima podia ser enforcada, decapitada, ou, na maioria das vezes, queimada.

Malleus Maleficarum

Em 1486 foi publicado um livro chamado Malleus Maleficarum (Martelo das Bruxas) escrito por dois monges dominicanos, Heinrich Kramer e James Sprenger. O Malleus Maleficarum é uma espécie de manual que ensina os inquisidores a reconhecerem as bruxas e seus disfarces, além de identificar seus supostos malefícios, investigá-las e condená-las legalmente. Além disso, também continha instruções detalhadas de como torturar os acusados de bruxaria para que confessassem seus supostos crimes, e uma série de formalidades para a execução dos condenados. Ainda, o tratado afirmava que as mulheres deveriam ser as mais visadas, pois são naturalmente propensas à feitiçaria. O livro foi amplamente usado por supostos "caçadores de bruxas" como uma forma de legitimar suas práticas.

Alguns itens contidos no Malleus Maleficarum que tornavam as pessoas vulneráveis à ação da Santa Inquisição:

  • Difamação notória por várias pessoas que afirmassem ser o acusado um Bruxo.
  • Se um Bruxo desse testemunho de que o acusado também era Bruxo.
  • Se o suspeito fosse filho, irmão, servo, amigo, vizinho ou antigo companheiro de um Bruxo.
  • Se fosse encontrada a suposta marca do Diabo no suspeito.

Hecatombe

Gradativamente, contando com o apoio e o interesse das monarquias européias, a carnificina se espalhou por todo o continente. Para que se tenha uma idéia, em Lavaur, em 1211, o governador foi enforcado e a esposa lançada num poço e esmagada com pedras; além de quatrocentas pessoas que foram queimadas vivas. No massacre de Merindol, quinhentas mulheres foram trancadas em um celeiro ao qual atearam fogo. Os julgamentos em Toulouse, na França, em 1335, levaram diversas pessoas à fogueira; setecentos feiticeiros foram queimados em Treves, quinhentos em Bamberg. Com exceção da Inglaterra e dos EUA, os acusados eram queimados em estacas. Na Itália e Espanha, as vítimas eram queimadas vivas. Na França, Escócia e Alemanha, usavam madeiras verdes para prolongar o sofrimento dos condenados. Ainda, a noite de 24 de agosto de 1572, que ficou conhecida como "A noite de São Bartolomeu", é considerada "a mais horrível entre as ações inquisidoras de todos os séculos". Com o consentimento do Papa Gregório XIII, foram eliminados cerca de setenta mil pessoas em apenas alguns dias.

Além da Europa, a Inquisição também fez vítimas no continente americano. Em Cuba iniciou-se em 1516 sob o comando de dom Juan de Quevedo, bispo de Cuba, que eliminou setenta e cinco hereges. Em 1692, no povoado de Salem, Nova Inglaterra (atual E.U.A.), dezenove pessoas foram enforcadas após uma histeria coletiva de acusações. No Brasil há notícias de que a Inquisição atuou no século XVIII. No período entre 1721 e 1777, cento e trinta e nove pessoas foram queimadas vivas.

No século XVIII chega ao fim as perseguições aos pagãos, sendo que a lei da Inquisição permaneceu em vigor até meados do século XX, mesmo que teoricamente. Na Escócia, a lei foi abolida em 1736, na França em 1772, e na Espanha em 1834. O pesquisador Justine Glass afirma que cerca de nove milhões de pessoas foram acusadas e mortas, entre os séculos que durou a perseguição.

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