quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Mistérios Antigos - O Santo Graal

O Santo Graal é um dos mais antigos e enigmáticos mitos da humanidade. Sob uma análise superficial, é o cálice usado por Jesus Cristo no episódio da Última Ceia e que contém seu sangue, que havia sido recolhido no momento da crucificação.

O termo Graal, no francês arcaico, significa bandeja. Por outro lado, pode ter origem latina, no vocábulo Gradalis, que significa cálice. Já o termo Sangraal seria uma variação etimológica de Sangue Real.

Origens Celtas

A origem do mito pode ser analisada sob um ponto de vista pré-cristão. Sabe-se que entre os celtas, recipientes utilizados para armazenar alimentos, eram considerados objetos sagrados. Este conceito estende-se ao caldeirão mágico (representando o útero da Deusa) referencial de ritos pagãos, capaz de renovar e ressuscitar.

Portanto, partindo do princípio que os celtas instalaram-se em diversas regiões da Europa, inclusive onde atualmente é o Reino Unido, e as primeiras citações históricas do Graal referem-se às lendas arthurianas, que, por sua vez, surgiram nesta região, é possível que o mito do Cálice Sagrado tenha apenas se transportado através dos séculos e sido adaptado ao Graal; desta vez, através de uma releitura cristã. Porém, mesmo entre os celtas, já havia uma lenda semelhante de um valoroso líder que saía em busca de um caldeirão sagrado.

Numa narrativa mais fantasiosa, o próprio Cristo, quando esteve na Cornualha, recebeu de presente um cálice de um druida (sacerdote celta). Jesus atribuía um valor especial e este objeto. Após o episódio da crucificação, José de Arimatéia decidiu levar o objeto, já santificado pelo sangue de Jesus, de volta ao sacerdote celta. Este sacerdote celta seria Merlin, o poderoso mago das lendas da Távola Redonda.

Origens Cristãs

Há, pelo menos, duas versões para justificar a origem e o desenvolvimento histórico do mito. Numa primeira análise, a lenda conta que José de Arimatéia recolheu no cálice utilizado na Última Ceia, o sangue de Jesus, no momento em que este era crucificado, após o último golpe de lança aplicado pelo soldado romano conhecido por Longinus.

José, que era membro do Sinédrio (tribunal judeu) e um homem de posses, solicitou ao imperador Poncio Pilatos o corpo de Cristo como uma "recompensa" por seus préstimos ao império. Pilatos atendeu ao pedido e José enterrou o corpo de Cristo em suas terras.

Após este fato, José de Arimatéia, que secretamente era seguidor de Cristo, teria sido feito prisioneiro pelos judeus por ocasião do sumiço do corpo de Cristo. José ficou muito tempo como prisioneiro numa cela sem janelas, alimentando-se apenas de uma hóstia diária, entregue por uma pomba que se materializava. Certa vez, o próprio Cristo surgiu diante de José entregou-lhe o Graal com a missão de protegê-lo.

Após conquistar a liberdade, utilizou-se de uma conhecida rota comercial e viajou para Inglaterra, levando consigo o Cálice Sagrado. Ao chegar, reuniu alguns discípulos de Cristo e fundou uma pequena Igreja, onde atualmente há as ruínas da Abadia de Glastonbury. Porém, não é possível afirmar onde o Graal teria sido ocultado a partir deste momento.

Numa segunda versão, Maria Madalena (que em interpretações não-canônicas, poderia ser esposa de Cristo), teria tomado posse do cálice e levado para a França, onde passou o resto da vida.

Em ambas versões, após o Cálice Sagrado chegar em terras européias, seja através de Maria Madalena ou José de Arimatéia, segue diversas rotas entre os alguns países deste continente e confunde-se entre a história e a literatura medieval.

Trajetória do Graal na história

A continuidade mais conhecida sobre o destino do Graal, atesta que este teria ficado sob a tutela dos Templários. Assim, os Cavaleiros teriam levado o cálice para a aldeia francesa de Rennes-Le-Château. Sob outra narrativa, o Graal teria sido levado para a cidade de Constantinopla e em seguida para Troyes, onde no período da Revolução Francesa (a partir de 1789), teria desaparecido misteriosamente.

Uma outra versão atesta que os cátaros, um grupo cristão que vivia isolado na fortaleza de Montsegur e pregava uma fé simples, oposta às imposições clericais, ocultavam uma relíquia religiosa de valor muito alto. Mas, em meados do século XIII, os cátaros foram vítimas de uma invasão de cruzados ordenada pelo Papa. Mais de duzentos membros da doutrina foram queimados sob a acusação de heresia e a misteriosa relíquia desapareceu durante a investida dos soldados. Mas não há nenhuma evidência confiável indicando que fosse o Graal.

Neste mesmo período, surgem boatos de que os cruzados que regressavam de Jerusalém traziam consigo uma âmbula contendo o sangue de Cristo; contradizendo e confundindo ainda mais a rota histórica do Santo Graal.

Entretanto, através de estudos arqueológicos e investigações profundas, tomando como base também os primeiros registros literários, foi possível traçar uma linha mais próxima da realidade sobre a trajetória do Graal na Europa e na história.

Inicialmente, nos primeiros três séculos após chegar em solo europeu, o cálice teria ficado na Itália. Por volta do século III, o monge São Lourenço o levou para a região dos Pirineus Orientais, na Espanha. Noutra versão, seria um ermitão de nome Juan de Atares.

Ainda, seguindo a rota sugerida nas obras literárias medievais, principalmente em Parzifal (Wolfram von Eschenbach), o cálice teria sido ocultado no monastério de San Juan de La Penha, na cadeia montanhosa dos Pirineus. Neste ponto há uma conexão real entre a obra de Eschenbach e o relato histórico do monge São Lourenço que conduziu o cálice até os Pirineus.

Ainda tomando por base a obra Parzifal, porém, havendo neste ponto um "vácuo histórico", o Santo Graal passa por Zaragoza e surge, desta vez, na Catedral de Valência, na qual há uma pequena capela, construída no século XIV, conhecida como Capela do Santo Cálice. Neste local, aos olhos dos visitantes mas protegido por um sacrário à prova de balas, encontra-se um cálice ostentado há mais de seiscentos anos como o legítimo Santo Graal.

As evidências científicas atestam que esta relíquia foi produzida entre a segunda metade do primeiro século antes de Cristo e a primeira metade do primeiro século da era Cristã. Ainda, esta peça foi produzida em ágata roxa na região de Alexandria ou Antioquia; mas, posterior-mente, já na Espanha, no século XIII, recebeu adornos de ouro e de pedras preciosas como esmeraldas e rubis, tendo o conjunto uma altura de aproximadamente 17 centímetros.

Portanto, é cientificamente comprovado que o Cálice da Catedral de Valência foi produzido no período e região correspondente à versão cristã do Santo Graal. Mas a Igreja não o aceita como uma relíquia religiosa e também não é possível atestar que seja este o cálice que comportou o sangue de Cristo.

Literatura e Simbolismo

Entre tantos aspectos simbólicos atribuídos ao Graal, muitos nasceram na interpretação dos artistas que, ao longo dos séculos, recondicionaram a lenda de diversas formas, principalmente na literatura medieval.

Por volta do ano 1190, o romance de Chrétien de Troyes intitulado Le Conte du Graal, narra a busca pelo cálice. Trata-se de um poema inacabado contendo nove mil versos que abordam a busca pelo Santo Graal. Interessante é que o lendário Rei Arthur não participa diretamente da epopéia, que finaliza sem que o objeto almejado seja encontrado. Esta obra foi o ponto de partida para as obras futuras abordando o tema.

Entre 1200 e 1210, o francês Robert de Boron, publicou Roman de L'Estoire du Graal; o que popularizou ainda mais o tema e inseriu os elementos históricos não muito diferentes dos que são conhecidos atualmente.

Outra obra de Boron, Joseph d'Arimathie, traça conexões simbólicas interessantes ao citar que José de Arimatéia foi ferido na coxa por uma lança. Em outra versão, o ferimento é nos órgãos genitais. Percebe-se, portanto, uma associação entre a lança, arma utilizada pelos soldados romanos, e a espada, principal arma e uma das maiores referências das lendas arthurianas (como a mítica Excalibur). Assim, o ferimento nos genitais sofrido por José em virtude de sua quebra do voto de castidade, associa-se à traição de Lancelot, um dos componentes da Távola Redonda e homem de confiança de Arthur, que tornou-se amante de Guinevere, esposa do Rei.

Nesta mesma época, a obra Parzifal do autor alemão Wolfram von Eschenbach associa o Graal a uma esmeralda também chamada Exillis, Lapis exillis ou Lapis ex coelis (pedra caída do céu). Esta esmeralda seria parte do terceiro olho de Lúcifer, que se partiu quando o anjo se rebelou contra o Reino Divino. Uma das partes desta esmeralda teria sido entregue aos templários para que ficasse protegida de intenções malignas. Deste modo, pode-se entender também que a esmeralda (que neste caso é o Santo Graal) faz alusão à mítica Pedra Filosofal dos alquimistas.

Já na obra Le Grand Graal, continuação de autoria anônima da epopéia de Robert de Boron, o Graal é um livro escrito por Jesus, que apenas aqueles que estivessem "imersos na Graça Divina" poderiam lê-lo e compreendê-lo.

O livro The Holy Grail, Its Legends and Symbolism, de Edward Waite, reúne vários elementos utilizados nas lendas medievais sobre o Graal. Joseph Goering, professor de história da Universidade de Toronto e autor de The Virgin and the Grail (A Virgem e o Graal), acredita que as pinturas datadas do século XII encontradas em oito igrejas nos Pirineus, entre a França e a Espanha, ilustram a Virgem Maria segurando um recipiente luminoso conhecido pelo nome de graal no dialeto local. O americano Dan Brown, autor de O Código Da Vinci, também cita amplamente o Graal em sua obra e conecta a vida de Jesus Cristo, Maria Madalena, Leonardo Da Vinci e outras referências históricas sob uma perspectiva fictícia.

Ainda, seja sob a ótica cristã ou pagã, muitos dos aspectos do Graal estão relacionados com a busca da perfeição. Por exemplo, quando Arthur e os cavaleiros partem em busca do Cálice Sagrado que poderia evitar a queda de seu reinado, estão buscando virtudes como nobreza e justiça.

Arthur e a Távola Redonda podem ser, respectivamente, associados a Jesus e seus apóstolos. Judas Iscariotes é o seguidor que traiu seu líder (Jesus Cristo) assim como Lancelot traiu Arthur ao se envolver com Guinevere. A lança que fere Cristo pode ser interpretada como o elemento masculino; o cálice como o útero feminino. Portanto, há o simbolismo do sangue nobre (de Jesus Cristo) fecundando o "útero mágico" representado pelo Graal.

No entanto, o Santo Graal pode ser uma metáfora que refere-se à própria Maria Madalena que, sendo ela esposa de Cristo (em interpretações, obviamente, não aceitas pela Igreja), seria portadora da linhagem sagrada do Filho de Deus.

Através de uma análise histórica, o Graal pode ser compreendido como a motivação que os cruzados encontraram após a decepção das mal sucedidas batalhas na Terra Santa. Neste caso, o Graal representa um novo ideal de vida aos que foram derrotados pelos "infiéis".

Sob um ponto de vista mais amplo, o Santo Graal, Rei Arthur e a lendária Excalibur são arquétipos distintos que traçam um mesmo conceito: o Rei (líder) virtuoso que, por seus méritos, conquista uma poderosa espada e torna-se invencível, partindo em busca de um objeto mágico capaz de restabelecer a ordem, a paz e a prosperidade em seu reino.

De qualquer forma, na condição de uma relíquia histórica da cristandade ocidental, não é possível avaliar o Santo Graal encontrado atualmente em Valência ou o Santo Graal metafórico do imaginário medieval; pois ambos têm valores distintos e igualmente incalculáveis. O Santo Graal é uma referência secular de valores humanos perdidos que, simbolicamente, serão resgatados por um profeta, um valente guerreiro, um líder de uma nação ou simplesmente por quem se revelar digno de portá-lo.

Por Spectrum


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Mistérios Antigos - Stonehenge

Os povos saxões o chamavam de Hanging Stones (Pedras Suspensas), escritos medievais chamavam de Dança dos Gigantes. Estas são denominações diferentes para referir-se ao mesmo monumento, hoje conhecido como Stonehenge (do inglês arcaico Stan = pedra + hencg = eixo).

Stonehenge é um complexo monolítico, formado por círculos concêntricos de pedras que chegam a ter cinco metros de altura e pesar quase cinqüenta toneladas, situado na planície de Salisbury, sul da Inglaterra, a cerca de 130 quilômetros de Londres. Os responsáveis por sua construção, os métodos utilizados e sua finalidade, mantêm-se, ainda nos tempos atuais, como um grande enigma.

Originalmente, o monumento era um círculo externo que media 86 metros de diâmetro. O círculo interno, com pedras maiores, de 5 metros de altura, contava 30 metros em seu diâmetro. Possuía 30 blocos verticais sobre os quais coloca- ram-se 30 blocos horizontais, formando um ininterrupto anel de pedra. Ainda mais alto, são os cinco portais que formam a ferradura externa, com cerca de nove metros de altura e perto de 15 toneladas. Ainda, existia uma avenida de acesso principal onde situavam-se os portais de pedra. Havia também do lado externo do círculo maior, uma série de cavidades no solo que circundavam o monumento. Estas cavidades estavam destinadas a um outro círculo de pedras, que nunca seria construído.

Ao analisar as pedras utilizadas, percebe-se que foram minuciosamente cortadas para que uma se encaixasse sobre a outra, formando os chamados trilitos. Embora já estejam bastante apagadas devido à ação do tempo, diversas pedras trazem desenhos ou inscrições rupestres feitas pelas antigas civilizações.

A construção de Stonehenge

No século XX, arqueólogos, através da técnica de datação do Carbono 14, estabeleceram que a construção de Stonehenge teve início em torno de 2950 a.C. e encerrou-se em aproximada- mente 1600 a.C.. Portanto, as primeiras pedras erguidas nesta obra sustentam-se há mais de 5000 anos.

Se a construção de Stonehenge se estendeu por mais de 13 séculos e técnicas diferentes foram utilizadas para erguer o monumento, considera-se que vários povos habitaram o local neste período. Assim, não apenas uma, mas algumas culturas que habitaram a região atuaram em sua construção.

Não há referências seguras sobre quais povos participaram desse trabalho. Mas há evidências arqueológicas de que há cerca de 10 mil anos, naquela região, já havia presença humana. No século XVIII, William Stukeley, astrólogo e membro da maçonaria, argumentava que era um templo construído pelos druidas, sacerdotes do povo celta. Mas os celtas estabilizaram-se cerca de 1000 anos após a conclusão do monumento. Portanto, esta possibilidade é descartada e conclui-se que Stonehenge teria sido obra de povos anteriores aos celtas.

Recentemente, em 2003, operários que instalavam tubulações em Boscombe, área próxima ao sítio histórico de Stonehenge, encontraram uma tumba coletiva com sete corpos (três crianças, um adolescente e três homens). Ao lado dos esqueletos, havia pontas de flecha e potes de barro datados de 2300 a.C., época da construção de Stonehenge. Ao analisar as camadas de esmalte dos dentes dos esqueletos, pesquisadores descobriram traços da composição da água encontrada na região de Wales, local de origem das pedras centrais de Stonehenge. Essa evidência levou à conclusão que os Arqueiros de Boscombe (como foram apelidados) provavelmente, ajudaram a erguer as pedras do monumento.

Merlim e os gigantes

O escritor e clérigo inglês Geoffrey de Monmouth, em sua obra Dança dos Gigantes (1130), narra que Uther Pendragon, pai do lendário Arthur, por volta do século V, após uma traição de Heingist liderando os saxões a um massacre de 460 nobres britânicos numa conferência de paz, decidiu elevar um monumento em memória dos guerreiros mortos. Assim, Pendragon convocou Merlim e o mago sugeriu a busca de antiqüíssimas pedras gigantescas que formavam um círculo mágico, capaz de curar todas as enfermidades, construído por gigantes na Irlanda.

Os gigantes, que eram pacíficos e infantis e tinham longa vida, haviam criado os círculos de pedra para saudar a natureza e para brincar, provocando assim uma certa disputa para ver quem construía um número maior de círculos (esta seria a origem dos inúmeros círculos distribuídos por toda Europa até hoje). Segundo Merlim, esta raça extinta de gigantes havia transportado essas pedras mágicas da África para a Irlanda. A água que fosse derramada sobre as pedras mágicas adquiria poderes curativos. Dessa forma, os gigantes tratavam seus ferimentos com preparados de ervas combinadas à água mágica.

Pendragon e seu irmão Ambrosius convocaram um exército de 15 mil homens a fim de transportar as pedras. Mas todas as tentativas fracassaram. Foi então que Merlim, valendo-se de poderes mágicos, transportou-as até os barcos que as trouxeram até Salisbury, na Inglaterra. Merlim dispôs as pedras ao redor das sepulturas, da mesma forma que os antigos gigantes. Segundo a lenda, ainda hoje encontram-se as inscrições dos túmulos de Uther e Aurelius.

Atkinson e os arqueólogos

Em 1950, Richard Atkinson e outros arqueólogos britânicos, elaboraram a teoria sobre o processo de construção de Stonehenge, que teria sido realizado em três etapas. Outras teses apontam para quatro etapas entre 3100 a.C e 1100 a.C.. Mas o raciocínio de Atkinson ainda é o mais aceito no meio científico.

Assim, na primeira etapa, no final do período neolítico, foi construída uma planície que forma o círculo externo, do qual se dispunham cinqüenta e seis cavidades conhecidas como Aubrey Holes, formando um anel. A primeira pedra, posicionada na vertical, conhecida como Heel Stone, foi disposta do lado de fora do círculo, frente à única entrada do monumento. Ainda, foram dispostas outras quatro pedras conhecidas como Pedras de estação.

A segunda etapa teve início aproximadamente duzentos anos mais tarde, já na Idade do Bronze. Neste processo, ocorreu a construção do duplo círculo interior, formado por oitenta blocos de pedra (conhecidos como bluestone) trazidos das montanhas de Prescelly, sul do País de Gales, a 320 km de Stonehenge.

Acredita-se que as pedras foram transportadas por embarcações através da costa gaulesa e posteriormente, em terra firme, levadas sobre cilindros até o local do templo. Estas pedras foram posicionadas na vertical, no interior do círculo primário. Além disso, foi construída também a avenida que leva ao monumento de Stonehenge e à margem externa das planícies.

Na terceira e última etapa, iniciada em torno de 2550 e estendendo-se até 1600, os dois círculos internos compostos pelas pedras foram desfeitos e reconstruídos. Nesse momento também foram posicionadas as pedras transversais que se apóiam sobre as pedras eretas. Ainda, o bloco conhecido como Pedra do Altar foi posicionado em frente a um dos trilitos.

Stonehenge: ciência e espiritualidade ancestrais

Além dos povos responsáveis pela cons- trução, o período cronológico e as técnicas utilizadas para erguê-lo, as incertezas sobre o monumento de Stonehenge também estão presentes quando aborda-se sua finalidade. A região de Wiltshire é rica em ruínas pré-históricas. Woodehenge, Durrington Walls e mais de 350 sepulturas são provas da atividade dos antigos habitantes locais. Ao redor do monumento principal, existem outras obras intrigantes. Afastado de Stonehenge, 800 metros ao norte encontra-se o chamado Cursum, uma pista reta com 2800 metros de comprimento e 90 metros de largura, que seria utilizada em procissões e cerimônias religiosas.

Ainda na região de Stonehenge encontra-se os Círculos ingleses, que são desenhos circulares surgidos misteriosamente em campos de cultivo de soja, trigo, cevada e milho. Interessante é que os cereais cultivados dentro dos círculos, tendem a desenvolver-se 40% mais que outros mais afastados. Este fato leva a crer que esta região possui algum tipo de energia natural e que os antigos tinham conhecimento disto. Por isso optaram por construir Stonehenge, que seria um templo religioso, naquele local, e assim intensificar e absorver esta energia.

Mesmo havendo um vasto sítio de pedras na região, os monólitos utilizados foram trazidos de muitos quilômetros de distância. Isto leva a crer que essas pedras eram essenciais para a perfeita conclusão do trabalho e reforça o conceito de que Stonehenge tenha uma finalidade religiosa. Pois estas pedras, trazidas de tão longe, teriam um caráter sagrado e ritualístico para os povos antigos.

Vestígios de corpos cremados encontrados nas Aubrey Holes indicam que ali foram celebrados ritos funerários e que estas cavidades podem ter simbolizado um portal para outros mundos. O esotérico John Michell sugere que se trata de um templo cósmico dedicado aos doze deuses zodiacais.

Em sua obra História dos Hiperbóreos, de 350 a.C., o grego Hecateu de Abdera atribui uma finalidade ao monumento: "ergue-se um templo notável, de forma circular, dedicado a Apolo, Deus do Sol". O arquiteto inglês do século XVII, Inigo Jones, fez o primeiro estudo sério sobre Stonehenge e considerou-o um templo romano. Se Stonehenge é obra de várias culturas, pode-se supor que suas finalidades também sejam diversificadas.

A perfeição geométrica faz supor que este trabalho tenha sido realizado por inteligências superiores extraterrenas, e que funcionasse como um campo de pouso para discos voadores ou apenas uma referência para navegação interplanetária. Porém, obviamente, esta é uma tese não científica que fica limitada a alguns grupos de ufologia.

Ainda, pode-se analisar Stonehenge sobre a ótica da arqueoastronomia, ciência que tem por objetivo estudar os conhecimentos astronômicos dos povos antigos. Desse modo, o astrônomo americano Gerald Hawkins, estabeleceu diversas relações geométricas entre o posicionamento das pedras do monumento. Stonehenge seria um observatório pré-histórico cujo alinhamento das pedras produz um traçado de linhas que marcam o nascer e pôr do Sol em datas chaves como os solstícios. Os movimentos do Sol, da Lua e das estrelas, podiam ser seguidos, os eclipses podiam ser previstos e os deuses do Zodíaco adorados no tempo próprio. Assim, Stonehenge não teria apenas uma finalidade religiosa, mas também, em parte, científica.

No século XX, Stonehenge abrigou celebrações de neopagãos. A partir de 1918, o local passou a ser recuperado. Algumas pedras que, devido ao tempo, estavam inclinadas e prestes a tombarem, foram reposicionadas. Em 1985, as autoridades inglesas, a fim de preservar o monumento e a região, proibiram os festivais neopagãos. Atualmente, o local é administrado pelo English Heritage e foram tomadas medidas rigorosas para garantir sua preservação. O número de visitantes é de cerca de 700 mil por ano.

Independentemente de sua finalidade, o monumento de Stonehenge é mais que um ponto turístico; é uma obra que desafia os pesquisadores modernos e excita a imaginação de cada visitante. Certamente, o fascínio exercido pelo monumento não está apenas em sua grandeza e imponência desproporcionais ao pensamento contemporâneo, mas principalmente, nos mistérios que cada pedra guarda, há mais de 5 mil anos.

Por Spectrum


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Mistérios Antigos - O Caminho de Santiago de Compostela

O Caminho de Santiago de Compostela é uma rota secular de peregrinação religiosa, que se estende por toda a Península Ibérica até a cidade de Santiago de Compostela, localizada no extremo Oeste da Espanha, onde se encontra o túmulo do apóstolo Tiago.

Tiago foi um pescador que vivia às margens do lago Tiberíades; filho de Zebedeo e Salomé, e irmão de João O Evangelista. Segundo a tradição, após a dispersão dos apóstolos pelo mundo, Tiago foi pregar o evangelho na província romana da Galícia, extremo oeste espanhol. De volta a Jerusalém, o apóstolo foi perseguido, preso e decapitado a mando de Herodes no ano 44. Seus restos foram lançados para fora das muralhas da cidade. Os discípulos Teodoro e Atanásio recolheram seu corpo e levaram-no de volta para o Ocidente, aportando na costa espanhola, na cidade de Iria Flavia.

O corpo do apóstolo foi sepultado secretamente num bosque chamado Libredón. Assim, o local permaneceu oculto durante oito séculos. Uma certa noite, o ermitão Pelayo observou um fenômeno que ocorria neste bosque: uma chuva de estrelas se derramava sobre um mesmo ponto do Libredón, proporcionando uma luminosidade intensa. Tomando conhecimento das ocorrências, o bispo de Iria Flavia, Teodomiro, ordenou que fossem feitas escavações no local. Assim, no dia 25 de Julho de (provavelmente) 813, foi encontrada uma arca de mármore com os restos do apóstolo Tiago Maior.

A notícia se espalhou rapidamente, e o local passou a ser visitado por andarilhos de toda a Europa a fim de conhecer o sepulcro do Santo. A quantidade de peregrinos aumentava intensamente a cada ano. Nobres e camponeses dirigiam-se em caravanas, caminhando ou cavalgando em busca de bênçãos, cura para as enfermidades, cumprir promessas ou apenas aventuravam-se em terras distantes.

O rei Afonso II ordenou que no local da descoberta fosse erigida uma capela em honra a São Tiago, proclamando-o guardião e padroeiro de todo o seu reino. Em pouco tempo, uma cidade foi erguida em torno daquele bosque, e denominada Compostela. A origem etimológica do nome remete ao latim: Campus Stellae, ou Campo das Estrelas, e assim a junção final: Compostela.

No ano de 899, Afonso III construiu uma basílica sobre o rústico templo erguido por seu antecessor. Porém, oitos anos mais tarde, a basílica foi saqueada pelo árabe Almanzor, que respeitosamente, preservou as relíquias do apóstolo. Em 1075, iniciou-se a construção da atual catedral, cinco vezes maior que a anterior.

Os Caminhos do Caminho

O Caminho de Santiago possui - em sua maior parte - um aspecto medieval. As catedrais góticas e românicas, mosteiros e capelas, castelos e aldeias celtas distribuem-se ao longo do percurso.

O apogeu das peregrinações ocorreu nos séculos XII e XIII. As quatro principais rotas tiveram origem neste período. Mesmo partindo de pontos diferentes, todas entravam na Península Ibérica através dos Pirineus. A partir de Puente la Reina o trajeto é o mesmo, com exceção de alguns ramais secundários. As rotas modernas iniciam-se também em cidades como Saint-Jean-Pied-de-Port, na França.

A partir do século XIV, houve uma sensível redução de peregrinos que se aventuravam pelo Caminho. Porém, no século XX o Caminho de Santiago foi "ressuscitado" e voltou a ser umas das principais rotas religiosas da história. Atualmente, é comum encontrar os peregrinos modernos, que percorrem o Caminho de carro ou bicicleta, ou simplesmente aqueles que visitam a Catedral e o túmulo do Apóstolo São Tiago.

Geralmente, o viajante carrega consigo uma concha (conhecida também por Vieira) que possui vários significados. Segundo a lenda, um homem percorria o Caminho a cavalo, quando repentinamente o animal disparou em direção ao mar. O peregrino evocou Santiago, e uma forte onda devolveu-o a terra firme. Retomada a consciência, o peregrino percebeu que seu manto estava repleto de conchas. Assim, a Vieira assumiu um significado de proteção, que também está associada ao Graal. Simboliza, para o viajante, absorver a sabedoria e a entidade de Cristo como seu Eu Superior.

Durante todo o percurso, existem albergues instalados em velhas construções medievais, destinados especialmente a atender os peregrinos. Além de hotéis, pousadas, e os próprios habitantes que cedem suas casas como abrigo. O peregrino carrega consigo uma credencial, que deve ser carimbada em igrejas ou no órgão de turismo correspondente ao local. Munido de um mapa, o viajante também conta com as discretas setas pintadas em rochas, muros e árvores, que funcionam como um guia constante, e evitam que o aventureiro se perca. Ao concluir o Caminho chegando à Catedral de Santiago, o peregrino apresenta a credencial e recebe a Compostelana, uma espécie de certificado de que todo o percurso foi concluído.

No Brasil, a popularização do Caminho deve-se principalmente ao escritor Paulo Coelho, que lançou o livro O Diário de um Mago. Nesta obra, o autor narra as experi-ências místicas vivenciadas em sua peregri- nação em 1989. Além de Paulo Coelho, a cantora Baby do Brasil escreveu Peregrina – Meu Caminho no Caminho, onde também é descrita sua trajetória até Compostela. Mas a literatura brasileira abriga outros títulos que servem de incentivo e preparação para aqueles que se dispuserem a caminhar mais de 800 quilômetros até a cidade de Santiago de Compostela, tombada pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade, em 1992.

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Mistérios Antigos - A Condessa Elizabeth Bathory

A Condessa Elizabeth Bathory (Erzsebet Báthory, do original), foi uma das mulheres mais perversas e sanguinárias que a humanidade já conheceu. Os relatos sobre ela ultrapassam a fronteira da lenda e a rotulam através dos tempos como A Condessa de Sangue.

Nascida em 1560, filha de pais de famílias aristocráticas da Hungria, Elizabeth cresceu numa época em que as forças turcas conquistaram a maior parte do território Húngaro, sendo campo de batalhas entre Turquia e Áustria. Vários autores consideram esse o grande motivo de todo o seu sadismo, já que conviveu com todo o tipo de atrocidades quando criança, vendo inclusive suas irmãs sendo violentadas e mortas por rebeldes em um ataque ao seu castelo. Ainda durante sua infância, ficou sujeita à doenças repentinas acompanhadas por uma intensa ira e comportamento incontrolável, além de ataques epiléticos. Teve uma ótima educação, inclusive sendo excepcional pela sua inteligência. Falava fluentemente húngaro, latim e alemão. Embora capaz de cometer todo tipo de atrocidade, ela tinha pleno controle de suas faculdades mentais.

Aos 14 anos engravidou de um camponês, e como estava noiva do Conde Ferenc Nadasdy, fugiu para não complicar o casamento futuro; que ocorreu em maio de 1575. Seu marido era um oficial do exército que, dentre os turcos, ganhou fama de ser cruel. Nos raros momentos em que não se encontrava em campanha de batalha, ensinava a Elizabeth algumas torturas em seus criados indisciplinados, mas não tinha conhecimentos da matança que acontecia na sua ausência por ação de sua amada esposa.

Quando adulta, Elizabeth tornou-se uma das mais belas aristocratas. Quem em sua presença se encontrava, não podia imaginar que por trás daquela atraente mulher, havia um mórbido prazer em ver o sofrimento alheio. Num período em que o comportamento cruel e arbitrário dos que mantinham o poder para com os criados era algo comum, o nível de crueldade de Elizabeth era notório. Ela não apenas punia os que infringiam seus regulamentos, como também encontrava motivos para aplicar punições e se deleitava na tortura e na morte de suas vítimas; muito além do que seus contemporâneos poderiam aceitar. Elizabeth enfiava agulhas embaixo das unhas de seus criados. Certa vez, num acesso de raiva, chegou a abrir a mandíbula de uma serva até que os cantos da boca se rasgassem. Ganhou a fama de ser "vampira" por morder e dilacerar a carne de suas criadas. Há relatos de que numa certa ocasião, uma de suas criadas puxou seu cabelo acidentalmente aos escová-los. Tomada por uma ira incontrolável, Bathory a espancou até a morte. Dessa forma, ao espirrar o sangue em sua mão, se encantou em vê-lo clarear sua pele depois de seco. Daí vem a lenda de que a Condessa se banhava em sangue para permanecer jovem eternamente.

Acompanhando a Condessa nestas ações macabras, estavam um servo chamado apenas de Ficzko, Helena Jo, a ama dos seus filhos, Dorothea Szentos (também chamada de Dorka) e Katarina Beneczky, uma lavadeira que a Condessa acolheu mais tarde na sua sanguinária carreira.

Nos primeiros dez anos, Elizabeth e Ferenc não tiveram filhos pela constante ausência do Conde. Por volta de 1585, Elizabeth deu à luz uma menina que chamou de Anna. Nos nove anos seguintes, deu à luz a Ursula e Katherina. Em 1598, nasceu o seu primeiro filho, Paul. A julgar pelas cartas que escreveu aos parentes, Elizabeth era uma boa mãe e esposa, o que não era de surpreender; visto que os nobres costumavam tratar a sua família imediata de maneira muito diferente dos criados mais baixos e classes de camponeses.

Um dos divertimentos que Elizabeth cultivava durante a ausência do conde, era visitar a sua tia Klara Bathory. Bissexual assumida e muito rica e poderosa, Klara tinha sempre muitas raparigas disponíveis para ambas "brincarem".

Em 1604 seu marido morreu e ela se mudou para Viena. Desse ponto em diante, conta a história que seus atos tornaram-se cada vez mais pavorosos e depravados. Arranjou uma parceira para suas atividades, uma misteriosa mulher de nome Anna Darvulia (suposta amante), que lhe ensinou novas técnicas de torturas e se tornou ativa nos sádicos banhos de sangue. Durante o inverno, a Condessa jogava suas criadas na neve e as banhava com água fria, congelando-as até a morte. Na versão da tortura para o verão, deixava a vítima amarrada banhada em mel, para os insetos devorarem-na viva. Marcava as criadas mais indisciplinadas com ferro quente no rosto ou em lugares sensíveis, e chegou a incendiar os pêlos pubianos de algumas delas. Em seu porão, mandou fazer uma jaula onde a vítima fosse torturada pouco a pouco, erguendo-a de encontro a estacas afiadas. Gostava dos gritos de desespero e sentia mais prazer quando o sangue banhava todo seu rosto e roupas, tendo que ir limpar-se para continuar o ato.

Quando a saúde de Darvulia piorou em 1609 e não mais continuou como cúmplice, Elizabeth começou a cometer muitos deslizes. Deixava corpos aos arredores de sua moradia, chamando atenção dos moradores e autoridades. Com sua fama, nenhuma criada queria lhe servir e ela não mais limitou seus ataques às suas servas, chegando a matar uma jovem moça da nobreza e encobrir o fato alegando suicídio.

As investigações sobre os assassinatos cometidos pela Condessa começaram em 1610. Foi uma excelente oportunidade para a Coroa que, há algum tempo, tinha a intenção de confiscar as terras por motivos de dívida de seu finado marido. Assim, em dezembro de 1610 foi presa e julgada. Em janeiro do ano seguinte foi apresentada como prova, anotações escritas por Elizabeth, onde contava com aproximadamente 650 nomes de vítimas mortas pela acusada. Seus cúmplices foram condenados à morte e a Condessa de Bathory à prisão perpétua. Foi presa num aposento em seu próprio castelo, do qual não havia portas nem janelas, só uma pequena abertura para passagem de ar e comida.

Ficou presa até sua morte em 21 de agosto de 1614. Foi sepultada nas terras de Bathory, em Ecsed. O seu corpo deveria ter sido enterrado na igreja da cidade de Csejthe, mas os habitantes acharam repugnante a idéia de ter a "Infame Senhora" sepultada na cidade.

Até hoje, o nome Erzsebet Báthory é sinônimo de beleza e maldade para os povos de toda a Europa.


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Mistérios Antigos - Templários


"Non nobis, Domine, non nobis, sed Nomini Tuo ad Gloriam"
("Não para nós, Senhor, não para nós, mas para Glória de Teu Nome")

(Salmo de David e Lema dos Templários)
As Cruzadas
No ano 1071 os turcos mulçumanos tomaram Jerusalém. Na Europa, a Igreja Católica organizou expedições militares em direção à Terra Santa, com o objetivo oficial de reconquistar os territórios sagrados de sua religião. Essas expedições foram denominadas Cruzadas, pelo fato de que seus peregrinos usavam uma cruz nas vestimentas e bandeiras.
Com a decadência do sistema feudal europeu, tornar-se um cruzado e partir para o Oriente em busca de terras e riquezas era uma alternativa considerável. Assim, a maior parte dos soldados cruzados era composta por camponeses e mendigos. Isso sugere que havia motivos comerciais e políticos camuflados sob o objetivo religioso. Além disso, os mulçumanos não se opunham a peregrinação cristã até Jerusalém. Havia apenas pequenos conflitos entre estes grupos distintos. Os cristãos solicitaram ao Papa Urbano II que os ajudasse nessas batalhas. O Papa percebeu neste pedido um pretexto para ampliar os domínios e a riqueza da Igreja. Assim, organizou e enviou o primeiro contingente cruzado.
A primeira Cruzada partiu em novembro de 1097 e contou com um apoio intenso da população. Em 1212 promoveu-se até mesmo a Cruzada das Crianças. Num momento de declínio do exército cristão em terras orientais, milhares de meninos foram levados na convicção de que a providência Divina daria a eles o que grandes e poderosos esquadrões não foram capazes de obter. A maioria dos garotos morreu doente ou em naufrágios durante a viagem. Os poucos que chegaram ao destino foram mortos ou escravizados pelos mulçumanos. Ao todo, foram organizadas oito Cruzadas até 1270, quando os cristãos viram-se obrigados a deixarem a Palestina e outros territórios conquistados.
Os combates entre cristãos e mulçumanos são considerados por alguns pesquisadores como a primeira Guerra Mundial, pois atingiu a Europa, Ásia e África. Nesse período, várias Ordens foram fundadas para garantir a peregrinação cristã e a posse das terras: Joaninos, Pobres Cavaleiros de Cristo, Teutônica, Porta-Espada entre outras.
A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo
No ano 1118, Jerusalém já era um território cristão. Assim, nove monges veteranos da primeira Cruzada, entre eles Hugh de Payen e Gogofredo de Saint Omer, dirigiram-se ao rei de Jerusalém Balduíno I e anunciaram a intenção de fundar uma ordem de monges guerreiros. Dentro de suas possibilidades, se encarregariam da segurança dos peregrinos que transitavam entre a Europa e os territórios cristãos do Oriente. Os membros fizeram votos de pobreza pessoal, obediência e castidade.
Os denominados Pobres Cavaleiros de Cristo se instalaram numa parte do palácio que foi cedida por Balduíno, um local que outrora foi o Templo de Salomão. Por isso ficaram conhecidos como Cavaleiros do Templo, ou Cavaleiros Templários. Apenas em 1127 no Concílio de Troyes, o Papa Honório II outorgou a condição de Ordem, concedendo um hábito branco com uma cruz vermelha no peito. O símbolo era um cavalo montado por dois soldados, numa alusão a pobreza.
A Ordem desenvolveu uma estrutura básica e se organizou numa hierarquia composta de sacerdotes até soldados. A esta altura, constituída não apenas por religiosos mas principalmente por burgueses, os Templários se sustentavam através de uma imensa fortuna que provinha de doações dos reinados.
Durante um período de quase dois séculos, a Ordem foi a maior organização Militar-Religiosa do mundo. Suas atividades já não estavam restritas aos objetivos iniciais. Os soldados templários recebiam treinamento bélico; combatiam ao lado dos cruzados na Terra Santa; conquistavam terras; administravam povoados; extraíam minérios; construíam castelos, catedrais, moinhos, alojamentos e oficinas; fiscalizavam o cumprimento das leis e intervinham na política européia. Além de aprimorarem o conhecimento em medicina, astronomia e matemática. Houve até mesmo a criação de um sistema semelhante ao dos bancos monetários atuais. Ao iniciar a viagem para a Terra Santa, o peregrino trocava seu dinheiro por uma carta de crédito nominal que lhe era restituída em qualquer posto templário. Assim, seus bens estavam seguros da ação de saqueadores. O poder dos Templários tornou-se maior que a Monarquia e a Igreja.
As seguidas derrotas das Cruzadas no século XIII, comprometeram a atividade principal dos Templários, e a existência de uma Ordem Militar com tais objetivos já não era necessária. Neste mesmo período, o Rei Felipe IV - O Belo - comandava a França. Diferente da maioria dos monarcas que eram subalternos à Igreja, Felipe se engajava em campanhas aliadas ao Clérigo, em troca de benefícios políticos.
Felipe IV devia terras e imensas somas em dinheiro aos Templários. Assim, propôs ao arcebispo Beltrão de Got uma troca de favores. O monarca usaria sua influência para que o religioso se tornasse Papa. Por sua vez, Beltrão de Got se comprometeria a exterminar a Ordem dos Templários assim que alcançasse o papado. Apenas um Papa possuía poder político para fazê-lo. No ano de 1305, Beltrão de Got sobe ao Trono de São Pedro como o Papa Clemente V.
Neste momento tinha início as acusações contra os cavaleiros e a implacável perseguição em toda a Europa. O processo inquisitório contra os Templários se estendeu por vários anos sob torturas e acusações diversas, como heresia, idolatria, homossexualismo e conspiração com infiéis. Os condenados eram levados à fogueira da Inquisição. Na França, o último Grão-Mestre da Ordem, Jacques de Molay, e outros 5 mil cavaleiros foram encarcerados pelos soldados do Rei Felipe. Na Grã-bretanha, a Ordem foi dissolvida pelo Rei Eduardo II. Na Alemanha e Suíça, os Cavaleiros foram declarados inocentes mas a Ordem também foi suprimida.
Finalmente, em 18 de março de 1314, Jacques de Molay foi levado à fogueira da Santa Inquisição às margens do Rio Sena, em Paris. Há uma lenda, que agonizante em meio às chamas, o líder dos Templários amaldiçoou o Papa Clemente V e o Rei Felipe, dizendo que se os Templários tivessem sido injustamente condenados, o Papa morreria em no máximo 40 dias e o Rei dentro de um ano. O Papa morreu 33 dias após a execução de Molay e o Rei em pouco mais de 6 meses.
Em toda a Europa, a Ordem dos Templários foi oficialmente extinta. Seus bens, o imenso contingente do exército e sua estrutura foram diluídos em outras Ordens menos expressivas. Atualmente, a Ordem Rosa Cruz e a Maçonaria se consideram ascendentes diretas dos Cavaleiros Templários.
Mistérios Templários
Durante uma jornada que se estendeu por quase dois séculos e se consagrou com um alto nível de poder e popularidade, foi gerada uma série de lendas que se confundem com fatos em torno dos Templários. Realmente, é provável que tenham desenvolvido uma filosofia influenciada pela sabedoria oriental. Mas não chegava a ser uma heresia. Soma-se a isso às acusações apresentadas no período da queda da Ordem e encontra-se uma imensidão de hipóteses interessantes: desde adoração ao demônio até a influência arquitetônica.
Até mesmo os objetivos originais da Ordem dos Templários são alvos das possibilidades. Segundo especulações, sua fundação teria sido articulada por Bernardo de Claraval (São Bernardo) para buscar a Arca da Aliança e as Tábuas das Leis Divinas no Templo de Salomão. A partir do momento que foram encontradas, os Templários se desenvolveram em todos os aspectos. O Santo Graal seria apenas uma metáfora para se referir a esses tesouros.
O mito da heresia surgiu através das acusações que dissolveram a Ordem em toda a Europa. Sob tortura, os cavaleiros declaravam que cuspiam e andavam sobre a cruz, trocavam beijos obscenos no umbigo e nas nádegas (nesta época, beijo na boca entre homens era aceitável), negavam a divindade de Cristo e ainda idolatravam uma imagem demoníaca denominada Baphomet. Porém, após as sessões de tortura e a irrevogável condenação, os Cavaleiros negavam as confissões assinadas. Havia poucas evidências de que os Templários se desviaram dos conceitos básicos da Igreja Católica daquela época.
Na Grã-bretanha, Robert Bruce buscava a independência da Escócia e articulava uma batalha contra o exército do Rei Eduardo II. As tropas de Eduardo possuíam armas e um contingente muito superior ao inimigo. Mesmo assim os rebeldes escoceses combateram o exército real. Acredita-se que um grupo de cavaleiros Templários, altamente treinado, teria se refugiado na Escócia e lutado ao lado de Bruce.
Provavelmente, em 1250 os Templários já haviam estado na América. Devido ao seu grande crescimento econômico através de matéria-prima e minérios como ouro e prata, escassos na Europa, supõe-se que parte de sua riqueza já havia sido extraída do continente americano. O fato de ser uma Ordem Secreta, onde os segredos só eram transmitidos entre seus membros à medida que eram promovidos, explica a ausência de registros históricos dessas navegações. Há mapas incluindo o Brasil desde 1389.
Após a extinção da Ordem, os Templários portugueses passaram a se chamar Ordem de Cristo e mudaram sua bandeira. As naus que aportaram no Brasil traziam a bandeira desta nova Ordem. Pedro Álvares Cabral seria não apenas um navegador, mas um dos altos comandantes da Ordem de Cristo, que fez uso dos mapas e cartas de navegação templárias para "descobrir" o Brasil.
A arquitetura gótica surgiu repentinamente durante o desenvolvimento da Ordem dos Templários. Não pode ser considerada uma continuidade da arquitetura romana, pois os conceitos entre ambas são totalmente opostos. A arquitetura romana baseia-se numa força de cima para baixo que estabiliza toda a construção. Enquanto a gótica está baseada no princípio contrário, numa força que pressiona de baixo para cima. Esses conceitos arquitetônicos e geométricos são muito avançados para o pensamento medieval. Portanto, acredita-se que a arquitetura gótica tenha surgido através de um conhecimento secreto adquirido pelos Templários, e as várias Catedrais tenham sido edificadas para guardar suas riquezas.
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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Símbolos

O Símbolo através da História

A humanidade sempre teve ao seu redor um mundo de forças e energias ocultas que muitas vezes não conseguia compreender nem identificar. Assim sendo, buscou ao longo dos tempos, proteção a esses perigos ou riscos que faziam parte de seu medo ao desconhecido, surgindo aos poucos muitos objetos, imagens e amuletos, criando-se símbolos nas tradições de cada povo.
O pentagrama está entre os principais e mais conhecidos símbolos, pois possui diversas representações e significados, evoluindo ao longo da história. Passou de um símbolo cristão para a atual referência onipresente entre os neopagãos com vasta profundidade mágica.
Origens e difusões
Num dos mais antigos significados do pentagrama, os Hebreus designavam como a Verdade, para os cinco livros do Pentateuco (os cinco livros do Velho Testamento, atribuídos a Moisés). Na Grécia Antiga, era conhecido como Pentalpha, geometricamente composto de cinco As.
O pentagrama também é encontrado na cultura chinesa representando o ciclo da destruição, que é a base filosófica de sua medicina tradicional. Neste caso, cada extremidade do pentagrama simboliza um elemento específico: Terra, Água, Fogo, Madeira e Metal. Cada elemento é gerado por outro, (a Madeira é gerada pela Terra), o que dará origem a um ciclo de geração ou criação. Para que exista equilíbrio é necessário um elemento inibidor, que neste caso é o oposto (a Água inibe o Fogo).
A geometria do pentagrama e suas associações metafísicas foram exploradas por Pitágoras e posteriormente por seus seguidores, que o consideravam um emblema de perfeição. A geometria do pentagrama ficou conhecida como A Proporção Divina, que ao longo da arte pós-helênica, pôde ser observada nos projetos de alguns templos. Era um símbolo divino para os druidas. Para os celtas, representava a deusa Morrighan (deusa ligada ao Amor e a Guerra). Para os egípcios, era o útero da Terra, mantendo uma relação simbólica com as pirâmides.
Os primeiros cristãos tinham o pentagrama como um símbolo das cinco chagas de Cristo. Desse modo, visto como uma representação do misticismo religioso e do trabalho do Criador. Também era usado como símbolo da comemoração anual da visita dos três Reis Magos ao menino Jesus. Ainda, em tempos medievais era usado como amuleto de proteção contra demônios.
Os Templários, uma ordem de monges formada durante as Cruzadas, ganharam grande riqueza e proeminência através das doações de todos aqueles que se juntavam à ordem; além de grandes tesouros trazidos da Terra Santa. Na localização do centro da Ordem dos Templários, ao redor de Rennes du Chatres, na França, é notável observar um pentagrama natural, quase perfeito, formado pelas montanhas que medem vários quilômetros ao redor do centro. Ainda é possível perceber, a profunda influência do símbolo, em algumas Igrejas Templárias em Portugal, que possuem vitrais na forma de Pentagramas. No entanto, Os Templários foram dizimados pela mesquinhez da Igreja e pelo fanatismo religioso de Luis IX, em 1303. Iniciou-se assim a Idade das Trevas, onde se queimavam, torturavam e excomungavam qualquer um que se opusesse a Igreja. Durante esse longo tempo de Inquisição, a igreja mergulhou no próprio diabolismo ao qual se opunha. Nessa época o pentagrama simbolizou a cabeça de um bode ou do diabo, na forma de Baphomet, o mesmo que a Igreja acusou os Templários de adorar. Assim sendo, o pentagrama passou de um símbolo de segurança à representação do mal, sendo chamado de Pé da Bruxa. Assim, a perseguição da Igreja fez as religiões antigas se ocultarem na clandestinidade.
Ao fim da era das Trevas, as sociedades secretas começam novamente a realizar seus estudos sem o medo paranóico das punições da Igreja. Ressurge o Hermetismo, e outras ciências misturando filosofia e alquimia. Floresce então, o simbolismo gráfico e geométrico, emergindo a Renascença numa era de luz e desenvolvimento. O pentagrama agora, significa o Microcosmo, símbolo do Homem de Pitágoras representado através de braços e pernas abertas, parecendo estar disposto em cinco partes em forma de cruz (O Homem Individual). A mesma representação simboliza também o Macrocosmo, o Homem Universal, um símbolo de ordem e perfeição, a Verdade Divina. Agrippa (Henry Cornelius Von de Agrippa Nettesheim), mostra proporcionalmente a mesma figura, colocando em sua volta os cinco planetas e a Lua no ponto central (genitália) da figura humana. Outras ilustrações do mesmo período foram feitas por Leonardo da Vinci, mostrando as relações geométricas do Homem com o Universo.
Posteriormente, o pentagrama também foi associado aos quatro elementos essenciais (terra, água, ar e fogo) mais o quinto, que simboliza o espírito (A Quinta Essência dos alquimistas e agnósticos)
Na Maçonaria, o Laço Infinito (como também era conhecido o pentagrama, por ser traçado com uma mesma linha) era o emblema da virtude e do dever. O homem microcósmico era associado ao Pentalpha (a estrela de cinco pontas), sendo o símbolo entrelaçado ao trono do mestre da Loja.
Com Eliphas Levi (Alphonse Louis Constant), o pentagrama pela primeira vez, através de uma ilustração, foi associado ao conceito do bem e do mal. Ele ilustra o pentagrama microcósmico ao lado de um pentagrama invertido (formando a cabeça do bode, Baphomet).
O pentagrama voltou a ser usado em rituais pagãos à partir de 1940 com Gerald Gardner. Sendo utilizado nos rituais simbolizando os três aspectos da deusa e os dois do deus, surgindo assim a nova religião Wicca. Desse modo, o pentagrama retoma sua força como poderoso talismã, ajudado pelo aumento do interesse popular pela bruxaria e Wicca, que à partir de 1960, torna-se cada vez mais disseminada e conhecida. Essa ascensão da Wicca, gera uma reação da Igreja da época, chegando ao extremo quando Anton LaVey adota o pentagrama invertido (em alusão a Baphomet de Levi), como emblema da sua Igreja de Satanás, e faz com que a Igreja Católica considere que o pentagrama (invertido ou não) seja sinônimo de símbolo do Diabo, difundindo esse conceito para os cristãos. Assim naquela época, os Wiccanos para se protegerem dos grupos religiosos radicais, chegaram a se opor ao uso do pentagrama.
Até hoje o pentagrama é um símbolo que indica ocultismo, proteção e perfeição. Independente do que tenha sido associado em seu passado, ele se configura como um dos principais e mais utilizados símbolos mágicos da cultura Universal.
Por Spectrum
Colaboração de Vera Novo


De um modo primitivo, por hexagrama, podemos compreender como a reunião de seis letras ou caracteres; já que a palavra tem origem no grego e significa seis linhas ou seis caracteres (hex = seis; gramma = linha). Portanto, uma seqüência de seis sinais gráficos (letras ou figuras geométricas, por exemplo) pode ser considerada um hexagrama. Assim, na filosofia oriental denominada I Ching, o hexagrama possui uma representação linear.
Porém, dentro da maioria das escolas esotéricas ocidentais, o hexagrama usualmente assume a forma de uma estrela de seis pontas e é conhecido também por Estrela de Davi, Selo de Salomão, entre outros. É esta versão que carrega inúmeros significados ao longo da história e figura tanto como símbolo maior do Estado de Israel como na simbologia ocultista. Mesmo havendo distinções interpretativas entre o hexagrama com as linhas entre-laçadas e o hexagrama com os triângulos sobrepostos, as definições confundem-se e ampliam ainda mais as hipóteses das origens, significados e aplicações.
Origens
A maioria das teorias que pretende encontrar a origem específica do hexagrama está relacionada ao judaísmo. Uma delas, sem embasamento histórico confiável, faz alusão ao nome do Rei Davi. Segundo a tradição judaica, o nome Davi era escrito com apenas três letras no alfabeto hebraico: dalet, vav e dalet. A primeira e última letra (dalet), possui uma forma semelhante ao triângulo. Se uma delas for invertida verticalmente e sobreposta à outra, forma-se o hexagrama. Mais uma hipótese é de que o hexagrama seja uma versão estilizada do lírio branco, flor de seis pétalas que é identificada como o povo de Israel no livro bíblico Cântico dos Cânticos.
Outra origem refere-se ao escudo do Rei Davi, que possuía forma triangular e nele estava gravado o Grande Nome Divino de 72 Letras, juntamente com as letras hebraicas m, k, b e y (letras da palavra Macabi). Entretanto, neste caso, não há uma linha nítida que associe o símbolo ao Escudo de Davi (Marguen Davi), sendo que a expressão Marguen Davi passou a ser utilizada referindo-se ao hexagrama, apenas a partir do século XIV. Ainda, pode-se supor que o símbolo tenha surgido na época de Bar Kochba (132-135 d.C.) quando os judeus combatiam os romanos, passaram a utilizar escudos mais resistentes, nos quais foram gravados dois triângulos entre-laçados.
O símbolo na história
Entretanto, desde a Idade do Bronze, símbolos em forma de estrela, como o pentagrama e o hexagrama, já eram encontrados em civilizações distantes, tanto no aspecto geográfico como cultural, como na Índia, Mesopotâmia e Grã-Bretanha.
O mais antigo artefato judaico contendo um hexagrama de que há registro, é um selo encontrado na cidade de Sidon (Líbano), datado do século VII antes de Cristo. Mesmo que no período do Segundo Templo, os símbolos judaicos mais comuns eram o shofar, o lulav e a menorá, foram encontrados pentagramas e hexagramas em trabalhos arqueo-lógicos, como no friso da sinagoga de Cafarnaum (século II ou III d.C.) e uma lápide (ano 300 d.C.), no sul da Itália. Na literatura judaica, uma referência encontra-se no livro Eshkol Hakofer, do sábio Yehudah ben Eliahu Hadasi, que viveu no século XII. No capítulo 242, é citado costumes do povo que, gradativamente, foram sofrendo mutações e o símbolo assume um caráter místico: "e os sete anjos na Mezuzá foram escritos - Miguel e Gabriel [...] o Eterno irá guardar-te e este símbolo chamado Escudo de Davi é escrito em todos os anjos e no final da Mezuzá...".
A bíblia cristã, possivelmente, faz referência ao hexagrama através de uma metáfora citando animais de seis asas: "...os quatro animais tinham, cada um de per si, seis asas, e ao redor, e por dentro, estavam cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite..." (Apocalipse - 4:8).
A utilização ornamental de estrelas, de cinco ou de seis pontas, estendeu-se durante a Idade Média aos povos muçulmanos e cristãos e o hexagrama é encontrado em ambas as religiões. Iluminuras de manuscritos hebraicos medievais também contêm hexagramas. Ainda na era medieval, encontram-se os primeiros amuletos de proteção em que surge o hexagrama, como no Mezuzot (pergaminho-amuleto do judaísmo).
A partir do século XIII, na Espanha e na Alemanha, encontra-se manuscritos bíblicos nos quais partes da messorá (tradição oral judaica) são escritas em micrografia, em forma de hexagrama. Até o século XVI, os sábios cabalistas acreditavam que o símbolo não deveria ser desenhado com simples linhas geométricas; mas sim composto com determinados nomes sagrados e suas combinações.
Em 1354, o rei da Bohemia, Carlos IV (Karel), concedeu à comunidade judia de Praga, o privilégio de uma bandeira, que foi confeccionada num fundo vermelho e o hexagrama, centralizado, em dourado. Dessa forma, o símbolo, conhecido também como Marguen Davi (Escudo de Davi), adquiriu uma conotação religiosa e tornou-se também uma referência do estado.
A partir do século XVII, o hexagrama tornou-se emblema oficial de várias comunidades judaicas. Em meados do século XVII, em Viena, foi gravado sobre uma pedra que delimitava os bairros judeus e cristãos, juntamente com uma cruz. Quando os judeus foram expulsos desta cidade, levaram o símbolo para as outras cidades, como a Moravia e Amsterdã. No ano de 1799, foi utilizado para representar o povo judeu em uma gravura anti-semita. No decorrer dos séculos XIII e XIX, algumas instituições, como as sociedades beneficentes, usavam o símbolo em seus documentos. Em 1933, sob a decisão de Adolf Hitler, a Estrela Judaica (como os nazistas, pejorativamente, referiam-se ao símbolo) foi utilizada nas vestimentas dos judeus para que fossem facilmente reconhecidos. Apenas em 1948, o hexagrama foi adotado pela bandeira do estado de Israel e tornou-se a maior referência do judaísmo.
O místico hexagrama
Além de ser um símbolo que representa uma nação, ter sido considerado um "símbolo de desonra" no Terceiro Reich, e utilizado por instituições independentes ao longo da história, o hexagrama também traz um forte apelo ocultista.
Segundo a obra de Albert G. Mackey sobre a maçonaria, The Symbolism of Freemasonry os dois triângulos entrelaçados representam a união das forças ativa e passiva na natureza, os pólos feminino e masculino, yoni e linga (representações dos genitais no hinduísmo). Sendo o triângulo voltado para baixo o símbolo do princípio feminino e o triângulo voltado para cima representando o princípio masculino. Portanto, nesta interpretação, o hexagrama possui um simbolismo sexual. O hexagrama também foi adotado na Maçonaria do Arco Real e, neste caso, segundo o autor maçom Wes Cook, o símbolo representa equilíbrio e harmonia.
Há também uma interpretação na qual o triângulo voltado para baixo representa o céu e o segundo triângulo simboliza a terra; de forma que um interfira no outro. Supõe-se também que as seis pontas representariam o domínio celeste sobre os quatro ventos, sobre o que está em cima e sobre o que está em baixo na terra.
Na Cabala judaica, o hexagrama faz alusão às sete emanações divinas (sefirot) inferiores. Cada um dos triângulos que formam os lados da estrela representam uma emanação e o centro dos triângulos maiores sobrepostos, representam a emanação denominada Malchut. O filósofo Franz Rosenzweig atribui um outro significado. Rosenzweig afirmou que um dos triângulos seria a representação da base de "focos", que caracterizam o pensamento do mundo (Deus), o homem e o mundo. O outro representaria a posição do judaísmo nestes assuntos, referindo-se aos três fundamentos principais da religião: a Criação (a relação entre Deus e o mundo), a revelação (relação entre Deus e o homem) e a redenção (a relação entre o homem e o mundo).
Numa outra interpretação, provavelmente de base alquímica, os triângulos componentes representam a água e o fogo, e a junção destes elementos, normalmente associados à figuras de animais. Há ainda suposições menos plausíveis associando o hexagrama à ritos "satânicos", ou como um poderoso instrumento para evocações e conjurações malignas em círculos de magia negra; ou associá-lo à pegada de um suposto demônio conhecido por Trud. Ainda, pode-se encontrar o número 666 ao se consi-derar as duas faces de cada um dos seis triângulos externos, no sentido horário e anti-horário (6 e 6), e as seis linhas que compõem o hexágono interno (666). De qualquer forma, dentro dos círculos ocultistas, o hexagrama geralmente é visto com alguma palavra ou símbolo gravado em seu centro para ser aplicado numa situação específica, como potencializar um ritual ou evocar alguma divindade.
Por Spectrum


Apesar de ter sido difundida pelo cristianismo como símbolo do sofrimento de Cristo à crucificação, a figura da cruz constitui um ícone de caráter universal e de significados diversificados, amparados por suas inúmeras variações.
É possível detectar a presença da cruz, seja de forma religiosa, mística ou esotérica, na história de povos distintos (e distantes) como os egípcios, celtas, persas, romanos, fenícios e índios americanos.
Seu modelo básico traz sempre a intersecção de dois eixos opostos, um vertical e outro horizontal, que representam lados diferentes como o Sol e a Lua, o masculino e o feminino e a vida e a morte, por exemplo.
É a união dessas forças antagônicas que exprime um dos principais significado da cruz, que é o do choque de universos diferentes e seu crescimento a partir de então, traduzindo-a como um símbolo de expansão.
De acordo com o estudioso Juan Eduardo Cirlot, ao situar-se no centro místico do cosmos, a cruz assume o papel de ponte através da qual a alma pode chegar a Deus. Dessa maneira, ela liga o mundo celestial ao terreno através da experiência da crucificação, onde as vivencias opostas encontram um ponto de intersecção e atingem a iluminação.
Cruz simples: Em sua forma básica a cruz é o símbolo perfeito da união dos opostos, mantendo seus quatro "braços" com proporções iguais. Alguns estudiosos denominam esta como Cruz Grega.
Cruz de Santo André: Símbolo da humildade e do sofrimento, recebe esse nome por causa de Santo André, que implorou a seus algozes para não ser crucificado como seu Senhor por considerar-se indigno. Acredita-se que o santo foi martirizado em uma cruz com essa forma.
Cruz de Santo Antonio (Tau): Recebeu esse nome por reproduzir a letra grega Tau. É considerada por muitos, como a cruz da profecia e do Antigo Testamento. Dentre suas muitas representações estão o martelo de duas cabeças, como sinal daquele que faz cumprir a lei divina, encontrado na cultura egípcia, e a representação da haste utilizada por Moisés para levantar a serpente no deserto.
Cruz Cristã: Definitivamente o mais conhecido símbolo cristão, que também recebe o nome de Cruz Latina. Os romanos a utilizavam para executar criminosos. Por conta disso, ela nos remete ao sacrifício que Jesus Cristo ofereceu pelos pecados das pessoas. Além da crucificação, ela representa a ressurreição e a vida eterna.
Cruz de Anu: Utilizada tanto por assírios como caldeus para representar seu deus Anu, esse símbolo sugere a irradiação da divindade em todas as direções do espaço.
Cruz Ansata: Um dos mais importantes símbolos da cultura egípcia. A Cruz Ansata consistia em um hieróglifo representando a regeneração e a vida eterna. A idéia expressa em sua simbologia é a do círculo da vida sobre a superfície da matéria inerte. Existe também a interpretação que faz uma analogia de seu formato ao homem, onde o círculo representa sua cabeça, o eixo horizontal os braços e o vertical o resto do corpo.
Cruz Gamada (Suástica): A suástica representa a energia do cosmo em movimento, o que lhe confere dois sentidos distintos: o destrógiro, onde seus "braços" movem-se para a direita e representam o movimento evolutivo do universo, e o sinistrógiro, onde ao mover-se para a esquerda nos remete a uma dinâmica involutiva. No século passado, essa cruz adquiriu má reputação ao ser associada ao movimento político-ideológico do nazismo.
Cruz Patriarcal: Também conhecida como Cruz de Lorena e Cruz de Caravaca possui um "braço" menor que representa a inscrição colocada pelos romanos na cruz de Jesus. Foi muito utilizada por bispos e príncipes da igreja cristã antiga e por jesuítas nas missões no sul do Brasil.
Cruz de Jerusalém: Formada por um conjunto de cruzes, possui uma cruz principal ao centro, representando a lei do Antigo Testamento, e quatro menores dispostas em cantos distintos, representando o cumprimento desta lei no evangelho de Cristo. Tal cruz foi adotada pelos cruzados graças a Godofredo de Bulhão, primeiro rei cristão a pisar em Jerusalém, representando a expansão do evangelho pelos quatro cantos da terra.
Cruz da Páscoa: Chamada por alguns de Cruz Eslava, possui um "braço" superior representando a inscrição INRI, colocada durante a crucificação de Cristo, e outro inferior e inclinado, que traz um significado dúbio, dos quais se destaca a crença de que um terremoto ocorrido durante a crucificação causou sua inclinação.
Cruz do Calvário: Firmada sobre três degraus que representam a subida de Jesus ao calvário, essa cruz exalta a fé, a esperança e o amor em sua simbologia.
Cruz Rosa-Cruz: Os membros da Rosa Cruz costumam explicar seu significado interpretando-a como o corpo de um homem, que com os braços abertos saúda o Sol e com a rosa em seu peito permite que a luz ajude seu espírito a desenvolver-se e florescer. Quando colocada no centro da cruz a rosa representa um ponto de unidade.
Cruz de Malta: Emblema dos Cavaleiros de São João, que foram levados pelos turcos para a ilha de Malta. A força de seu significado vem de suas oito pontas, que expressam as forças centrípetas do espírito e a regeneração. Até hoje a Cruz de Malta é muito utilizada em condecorações militares.
Por Guss de Lucca
Fonte: "Dictionary of Symbols", J.E. Cirlot - Madrid - 1962


Este é o símbolo de maior força e o mais prodigioso dos signos cabalísticos. Sua atuação é magnética. Cada uma de suas partes reflete os poderes ocultos e imateriais do grande pélago dos espíritos.
Esta cruz deve ser usada somente nas ocasiões excepcionais. Deve ser repassado, sem o mínimo erro, para um pergaminho virgem. O homem deve trazê-la no bolso esquerdo e a mulher, entre os seios, como se fosse um escapulário.
A Cruz dos Espíritos propicia, a quem a carrega nas condições assinaladas, Felicidade, Amor, Saúde e Fortuna.
Extraído do livro "As Clavículas de Salomão" de Anthon Zeraschi


O Tetragrama
Para que compreendamos o que significa o Tetragrammaton é necessário, antes de tudo, definir acrônimo. A palavra acrônimo tem origem no grego (akron = extremidade + onymo = nome) e significa o conjunto de letras, pronunciado como uma palavra, formado a partir das letras iniciais (ou de sílabas) de palavras sucessivas que constituem uma denominação. Por exemplo, a sigla NASA (National Aeronautics and Space Administration) é um acrônimo.
Dessa forma, a palavra Tetragrama tem origem no grego (tetra = quatro + gramma = letra) e significa a expressão escrita, constituída de quatro letras ou sinais gráficos, destinada a representar uma palavra, acrônimo, abreviatura, sigla ou a pauta musical de quatro linhas do canto-chão.
Acredita-se que o Tetragrama hebraico designa o nome pessoal do "Deus de Israel", como foi originalmente escrito e encontrado na Torah, o primeiro livro do Pentateuco. Este tetragrama varia como YHWH, JHVH, JHWH e YHVH. Em algumas obras, especialmente no Antigo Testamento escrito em sua maioria em hebraico com partes em aramaico, o Tetragrama surge mais de 6 mil vezes (de forma isolada ou em conjunção com outro nome divino).
O impronunciável nome de Deus
A tradição esotérica dos judeus, a cabala, considera o nome de Deus sagrado e impronunciável. Possivelmente, a origem deste conceito está no terceiro Mandamento: "Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão". (Êxodo - Capítulo XX - Versículo VII). Assim, um grupo de sábios judeus, conhecidos como Massoretas, incorporou "acentos" que funcionavam como vogais e viabilizavam a pronúncia do tetragrama, resultando na palavra Adonai (Senhor), que passou a ser utilizada para pronunciá-lo. Os nomes Jeová, Iehovah, Javé, Iavé, ou ainda Yahweh, são adaptações para a língua portuguesa da palavra Adonai, e não do tetragrama original.
Porém, há ainda uma crença entre os judeus do início do período cristão, que a própria palavra Torah seria parte do nome divino. Há outra relação interessante encontrada nos nomes originais de Adão e Eva, Yod e Chawah, respectivamente. Uma combinação entre estes dois nomes resulta numa das variações do tetragrama, YHWH, fato que sugere uma relação entre Criador e criatura. Com o decorrer do tempo, foram adotados outros termos para se referir ao Tetragrama: "O Nome", "O Bendito" ou "O Céu".
O místico cristão, Jacob Boehme, utilizando-se de uma cabala gráfica (conhecida como Árvore da Vida), encontrou os 72 Nomes de Deus (publicado em 1652, no livro Oedipus Aegypticus). Sendo que todos são formados por apenas quatro letras, o que caracteriza mais uma vez o tetragrama. Seguindo este raciocínio, encontramos também Tupã (divindade dos índios brasileiros), Yang (em chinês, possui vários significados, entre eles, Deus do bem), Bara (o equivalente à Deus na seita islâmica Beahismo) e Xiva (divindade Hindu).
Tetragrammaton: Símbolo e Amuleto
Se considerarmos que as letras de um alfabeto nada mais são que sinais gráficos, o Tetragrama, em sua representação gráfica, conhecido como Tetragrammaton, é uma complexa combinação de letras do alfabeto hebraico, grego e latino, associados a diversos símbolos conhecidos no ocultismo. Nele encontra-se o pentagrama entrelaçado, símbolos zodiacais, algarismos e formas geométricas, entre outras representações.
No ocultismo, incluindo suas diversas ramificações, o Tetragrammaton desempenha uma função muito importante, sendo usado em rituais e invocações e na forma de talismãs. Os ocultistas interpretam o Tetragrammaton e outros símbolos cabalísticos nele contidos, como poderosos signos mágicos, capazes de potencializarem rituais abrindo as portas da consciência humana.
Acompanhe a descrição de alguns elementos do Tetragrammaton:

Pentagrama
O pentagrama assume diversos significados de acordo com o contexto em que é encontrado. Neste caso, é a base do Tetragrammaton. Assim, podemos interpretá-lo como símbolo do "Homem Realizado". Isto é, uma representação da entidade humana evoluída em todos os estágios espirituais.
Os olhos do Pai - Júpiter
No ângulo superior do Pentagrama, encontramos "Os olhos do Pai" e a representação do planeta Júpiter. Uma alusão aos olhos do Criador, o espírito, o poder que coordena tudo e todos.
Marte
Nos "braços" do Tetragrammaton encontra-se o símbolo astrológico e zodiacal do planeta Marte, representando a Força, ou a Energia pura da criação.
Saturno
Nos ângulos inferiores está a representação astrológica e zodiacal do planeta Saturno. É um dos principais símbolos usados na Magia, representando os mestres que anularam o próprio ego e as falhas inerentes ao ser humano, atingindo assim, a perfeição.
Sol e Lua
Posicionados nas linhas verticais do Pentagrama, próximos ao centro da figura, o Sol e a Lua fazem referência aos pólos femininos e masculinos da criação, contidos em todos os organismos, incluindo o Microcosmos e o Macrocosmos.
Mercúrio e Vênus
Estes símbolos são amplamente encontrados na literatura alquímica e são representações astrológicas e zodiacais destes planetas. Localizados sobrepostos no centro da figura, referem-se à união dos pólos de onde surgirá o Caduceu de Mercúrio.
Caduceu de Mercúrio
O Caduceu de Mercúrio é o símbolo alquímico da transmutação. Associado aos símbolos superiores de Mercúrio e Vênus, refere-se à criatura, ou seja, o resultado da união entre os pólos feminino e masculino, entre as forças lunares e solares, e o ponto de equilíbrio entre eles. Por estar localizado no centro da figura, também pode ser interpretado como a "coluna vertebral", ou, Kundalini, responsável pela união da energia sexual entre as polaridades.
Jehova
Esta inscrição hebraica é um tetragrama pronunciado Jehova (lê-se da direita para a esquerda), sendo mais uma das várias alusões ao "Nome de Deus".
Alfa e Omega
Alfa e Omega são, respectivamente, a primeira e última letra do alfabeto grego. Esta é uma referência ao princípio e fim de todas as coisas. Alfa está abaixo dos "Olhos do Pai". Omega encontra-se invertido, na base do Caduceu de Mercúrio. Isto pode significar o caldeirão utilizado pelos alquimistas, ou ainda, o caldeirão (útero) da Deusa, para alguns ocultistas.
Binário
Localizados fora do pentagrama, os números 1 e 2 são referências à bipolaridade; isto é, uma representação de que todas as coisas possuem dois lados. Seguindo este conceito, podemos também compreendê-los como outra manifestação dos pólos masculino e feminino, início e fim, bem e mal, entre outros.
Logos
Logos é uma palavra grega que significa razão, mas também é interpretada como "fonte de idéias" e "verbo divino". Associado ao Tetragrammaton, os números 1, 2 e 3 representam respectivamente o Pai, a Mãe e o Filho. Também pode ser interpretado como a Tríade do Cristianismo (Pai, Filho e Espírito Santo) ou como o triângulo, amplamente encontrado nas tradições esotéricas.
Cálice
O cálice significa o pólo feminino da criação. Na alquimia é utilizado para representar o elemento Água.
Espada Flamejante
A "espada de fogo", dentro do contexto alquímico, representa o próprio elemento fogo. Porém, associado ao Tetragrammaton, assume o papel do pólo masculino e do pênis, símbolo de fertilidade entre as antigas tradições.
Báculo
Báculo é o bastão comumente usado por Magos. Está dividido em sete escalas representando os estágios de evolução. Na alquimia está relacionado ao elemento Terra.
Hexágono do Mago
O hexágono do Mago representa o domínio do espírito sobre a matéria. Na alquimia está relacionado ao elemento Ar.
Não é possível definir apenas uma relação entre os vários símbolos que compõem o Tetragrammaton e tampouco uma finalidade específica desse conjunto. Seus sinais transitam entre correntes tão distantes que a interpretação, em certos casos, chega a ser paradoxal.
Se observarmos estas combinações simbólicas através do ângulo alquímico, teremos um determinado resultado. Porém, se analisado através dos conceitos astrológicos, por exemplo, a conclusão poderá ser totalmente distinta. Assim, a atenção e perspicácia do observador tornam-se fundamentais para decifrar o Tetragrammaton, um dos mais antigos e poderosos símbolos da espiritualidade humana.
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Estrela de cinco pontas: sendo a Estrela do Oriente ou a Estrela Iniciação, é a que simbolizou o nascimento de Jesus. É o símbolo do Homem Perfeito, da Humanidade plena entre Pai e Filho; o homem em seus cinco aspectos: físico, emocional, mental, intuitivo e espiritual. Totalmente realizado e uno com o Grande Arquiteto do Universo. É o homem de braços abertos, mas sem virilidade, porque dominou as paixões e emoções. Na Maçonaria e nos seus Templos, a abóbada celeste está adornada de estrelas. A Estrela é o emblema do gênio Flamejante que levam às grandes coisas com a sua influência. É o emblema da paz, do bom acolhimento e da amizade fraternal.
Acácia: a planta símbolo por excelência da Maçonaria; representa a segurança, a clareza, e também a inocência ou pureza. A Acácia foi tida na antiguidade, entre os hebreus, como árvore sagrada e daí sua conservação como símbolo maçônico. Os antigos costumavam simbolizar a virtude e outras qualidades da alma com diversas plantas. A Acácia é inicialmente um símbolo da verdadeira Iniciação para uma nova vida, a ressurreiçãora uma vida futura.
Avental: símbolo do trabalho maçônico. Tem a forma de um retângulo, encimado por um triângulo; nos dois primeiros graus são simples, sem enfeites ou adornos, e de tecido branco. Os aventais dos demais graus, tem cor e desenhos variados, conforme os graus que representa e conforme o rito adotado. O fundo porém é sempre branco.
Colunas: símbolos dos limites do mundo criado, da vida e da morte, do elemento masculino e do elemento feminino, do ativo e do passivo. Simboliza também a força, a sustentação.
Compasso: símbolo do espírito, do pensamento nas diversas formas de raciocínio, e também do relativo (círculo) dependente do ponto inicial (absoluto). Os círculos traçados com o compasso representam as lojas. No Grau de Aprendiz, ele está embaixo do esquadro, indicando que existe, por enquanto, a predominância da matéria sobre o espírito. A abertura indica o nível do conhecimento humano, sendo esta limitada ao máximo de 90º, isto é ¼ do conhecimento.
O nº 9: é o princípio da Luz Divina, Criadora, que ilumina todo pensamento, todo desejo e toda obra, exprime externamente a Obra de Deus que mora em cada homem, para descansar depois de concluir sua Obra. O homem novenário que pelo triplo do ternário, é a união do absoluto com o relativo, do abstrato com o concreto. O número nove, no simbolismo maçônico, desempenha um papel variado e importante com significados aplicados na sua forma ritualística. O número 9, é o número dos Iniciados e dos Profetas.
Delta: também chamado de Triângulo Fulgurante, representa na Maçonaria o Supremo Criador de todas as coisas, cujo olho luminoso é o Olho da Sabedoria e da Providência, que observa tudo que vê e provê. Ele simboliza também, os atributos da Divindade: Onipresença, Onividência e Onisciência, que o verdadeiro maçom tem como lembrete divino de sua suprema relevância para sua vida.
Esquadro: resulta da união da linha vertical com a linha horizontal, é o símbolo da retidão e também da ação do Homem sobre a matéria e da ação do Homem sobre si mesmo. Significa que devemos regular a nossa conduta e as nossas ações pela linha e pela régua maçônica, pelo temor de Deus, a quem temos de prestar contas das nossas ações, palavras e pensamentos. Emite a idéia inflexível da imparcialidade e precisão de caráter. Simboliza a moralidade.
Malhete: pequeno martelo; emblema da vontade ativa, do trabalho e da força material; instrumento de direção, poder e autoridade. Um aspecto fundamental na utilização deste instrumento é o do discernimento e lógica que devem conduzir a vontade. Utilizando ao caso, com força apenas, ele passará a ser um instrumento de destruição, incompatível com a Maçonaria.
Pavimento em mosaico: chão em xadrez de quadrados pretos e brancos, com que devem ser revestidos os templos; símbolo da diversidade do globo e das raças, unidas pela Maçonaria; símbolo também da oposição dos contrários, bem e mal, espírito e corpo, luz e trevas.
Pedra bruta: símbolo das imperfeições do espírito que o maçom deve procurar corrigir; e também, da liberdade total do Aprendiz e do maçom em geral. As arestas desta Pedra Bruta, cabe ao aprendiz desbastar, disciplinando, educando, instruindo sua personalidade, objetivando vencer suas paixões e subordinar sua vontade à prática do bem.
A letra G: é a sétima letra do nosso alfabeto e que sabiamente, os Maçons apresentam grandes questionamentos, e que através de estudos, apresentamos um resumo dos diversos significados:
Gravitação - É a força primordial que rege o movimento e o equilíbrio da matéria;
Geometria ou a Quinta Ciência - É fundamento da ciência positiva, simbolizando a ciência dos cálculos, aplicada à extensão, à divisão de terras, de onde surge a noção da parte que nelas a nós compete, na grande partilha da humanidade e dos direitos da terra cultivada;
Geração - É a vida perpetuando a série dos seres. Força Criadora que se acha no centro de todo ser e de todas as coisas;
Gênio - É a inteligência humana a brilhar com seu mais vivo fulgor;
Gnose - É o mais amplo conhecimento moral, o impulso que leva o homem a aprender sempre mais e que é o principal fator do progresso;
Glória - a Deus;
Grandeza - O homem, a maior e mais perfeita Obra da Criação;
Gomel - Uma palavra hebraica, entende-se os deveres do homem para com Deus e os seus semelhantes.
Concluiremos, sintetizando que, a letra G é, realmente, o grande segredo maçônico, segredo tão secreto e misterioso, que nem mesmo os mais cultos e sábios Maçons conseguem decifrá-lo.
Templo: símbolo da construção maçônica por excelência, da paz profunda para que tendem todos os maçons.
Três pontos; triângulo: símbolo com várias interpretações, aliás conciliáveis: luz, trevas e tempo; passado, presente e futuro; sabedoria, força e beleza; nascimento, vida e morte; liberdade, igualdade e fraternidade.




O Ouroboros é a representação gráfica de uma serpente ou um dragão, em forma circular, engolindo a própria cauda. Este símbolo é encontrado na antiga literatura esotérica (alguma vezes, associado à frase Hen to panO Todo ou O um) e em diversas tradições ocultistas e escolas iniciáticas em forma de amuleto.
A origem etimológica do termo Ouroboros está, supostamente, na linguagem copta e no idioma hebreu, na qual ouro, em copta, significa Rei, e ob em hebreu, significa serpente. Mas, precisar sua origem e significado primitivo, torna-se uma tarefa praticamente impossível. Mesmo que de certa forma estejam interligados mas, paralelamente, trazem interpretações distintas.
Os primeiros registros deste arquétipo foram encontrados entre os egípcios, chineses e povos do norte europeu (associado a serpente folclórica Jörmungandr) há mais de 3000 anos. Na civilização egípcia, é uma representação da ressurreição da divindade egípcia , sob a forma do Sol. Também é encontrado entre os fenícios e gregos.
Símbolos & Signos
Entre tantos símbolos relacionados, o Ouroboros é um dos que apresenta maior hipótese de significados. Isto porque há outras representações iconográficas contidas e associadas ao próprio Ouroboros.
A serpente, que nos textos canônicos está associada às aspectos maléficos, como no livro Gênesis 3:13, (Perguntou o Senhor Deus à mulher: Que é isto que fizeste? Respondeu a mulher: A Serpente enganou-me, e eu comi.), na maior parte das culturas pré-cristãs, é um símbolo de sabedoria. Partindo do princípio que o Ouroboros é um símbolo pré-cristão, pode-se supor que este conceito de sabedoria é predominante.
Mas, pode-se também interpretar que o ato de engolir a si mesma, é uma interrupção do ciclo humano em uma busca evolutiva do espírito noutros planos. Por outro lado, pode significar a auto-destruição através do ato de consumir a própria carne e até mesmo a auto-fecundação. Ainda, o fato de encontrar-se na forma circular é um arquétipo representativo de movimentos ininterruptos e pode representar também o Universo. Além da interpretação de que a serpente atua nas esferas inferiores (Inferno), enquanto o círculo representa o Reino Divino. Em outras situações, o animal tem duas cores distintas. Neste caso, provavelmente, uma referência a Yin e Yang, ou pólos masculino e feminino, dia e noite, bem e mal, e outros paradoxos da natureza.
Sob uma perspectiva alquímica, o Ouroboros é representado na figura de dois animais míticos engolindo um a cauda do outro; não sendo, neste caso, necessariamente, uma serpente. Segundo o Uractes Chymisches Werk (Leipzig – 1760), "alimenta este fogo com fogo, até que se extinga e obterás a coisa mais estável que penetras todas as coisas, e um verme devorou o outro, e emerge esta imagem". Esta descrição alquímica é uma alusão ao processo de separação do material em dois elementos distintos.
Porém, de uma forma mais ampla, o Ouroboros é uma representação dos ciclos reencarnatórios da alma humana. Ainda, segundo o Dictionnaire des Symboles, simboliza o "ciclo da evolução fechado sobre si mesmo. O símbolo contém as idéias de movimento, continuidade, autofecundação e, em conseqüência, o eterno retorno". Na obra Magic Symbols de Frederick Goodman é citado "serpente... [seja] o símbolo da sabedoria dos verdadeiros filósofos" e "O Tempo, do qual apenas a sabedoria brota".
Atualmente, o Ouroboros é comumente encontrado em amuletos esotéricos, na simbologia maçônica e na teosofia. Porém, também está presente no selo dos Estados Unidos da América, posicionado acima da águia bicéfala. Ainda, é muito comum encontrá-lo em monumentos funerários, fazendo alusão, mais uma vez, aos ciclos da vida.
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Sob uma definição generalizada, Cabala pode ser compreendida como "tratado filosófico-religioso hebraico, que pretende resumir uma religião secreta que se supõe haver coexistido com a religião popular dos hebreus". Porém, esta é uma definição extremamente simplificada que omite diversos aspectos significativos.
A origem etimológica da palavra Cabala encontra-se no hebraico como qabbalah e é comumente grafada de diversas formas: Kabbalah, Qabbala, cabbala, cabbalah, kabala, kabalah, kabbala. Originalmente, significa recepção ou recebimento, no sentido metafórico de "recebimento do ensinamento" ou "recebimento da sabedoria".
Nos meios de estudo filosóficos e ocultistas, a Cabala é uma doutrina mística do judaísmo que tem por objetivo conhecer Deus e o Universo através de um ensinamento restrito aos seres espiritualmente iluminados. Porém, segundo o Rabino Joseph Saltoun, a Cabala é mais democrática e acessível: ''A cabala é uma sabedoria universal que está na essência de todas as religiões, por isso qualquer pessoa pode estudar e praticar''.
Uma das formas de obter o conhecimento superior seria através da interpretação correta de textos sagrados, inclusive a Bíblia. Não apenas da mensagem explícita, mas também dos códigos implícitos infiltrados na grafia destes livros.
Estes antigos manuscritos são as bases do misticismo judaico que se desenvolveu ao longo da história e nos quais encontram-se elementos que posteriormente seriam reconhecidos como elementos pertencentes à Cabala. Entre eles estão o Bahir (publicado no início do século XII e impresso apenas em meados do século XVII), o Zohar (conjunto de textos sobre a Torah com uma abordagem mística da natureza divina, natureza da alma, universo, bem e mal, entre outros), e o Sefer Yetzirah (Livro da Luz - antigo texto do hebraico de período histórico não determinado).
O estudo da Cabala pode ser dividido em duas partes. A Cabala Teórica que tem por objetivo compreender o equilíbrio do universo pelo estudo das energias espirituais oriundas de Deus e dos códigos numéricos ocultos no texto original. A Cabala Mágica que possibilita interferir em acontecimentos práticos através da meditação ou recitação dos nomes sagrados de Deus, expressos em 72 combinações de letras do alfabeto hebraico.
A Alma e a Cabala
Alguns pontos comuns entre o Zohar e a tradição da Cabala são encontrados quando referem-se aos elementos que compõem a alma. Segundo esta análise, a alma humana é composta de três partes distintas que são plenamente despertas apenas em indivíduos evoluídos espiritualmente.
O nefesh é comum a todos os seres humanos e passa a integrar o indivíduo no momento de seu nascimento. É a fonte da natureza física e psicológica. É considerado a parte inferior (irracional) da alma que está associado aos instintos e desejos físicos. O ruach é a parte mediana responsável por virtudes morais e capacidade de distinção entre o bem e o mal. O ruach é desenvolvido ao longo da vida e depende da nobreza de valores de cada indivíduo, como suas crenças e ações. O neshamah é a alma superior. É o elemento determinante que distingue o ser humano de outras formas de vida e está relacionada diretamente ao intelecto. Também é desenvolvido no decorrer da vida.
Ainda, no Raaya Meheimna (manuscrito posteriormente incorporado ao Zohar) há alusões a outros dois elementos: o chayyah (permite ao homem a percepção do poder divino) e o yehidah (nível mais elevado que permite total integração com Deus).
Há também elementos que se manifestam eventualmente na alma humana. O Ruach HaKodesh permite a capacidade profética. O Neshamah Yeseira permite uma maior profundidade espiritual ao judeu durante o Shabbat (descanso semanal que, segundo o judaísmo, foi ordenado por Deus). Esta habilidade adquirida pela alma pode se desenvolver ou retroceder totalmente, de acordo com a fé do judeu. O Neshoma Kedosha que se manifesta nos judeus ao atingirem a maioridade e está relacionado ao estudo dos mandamentos da Torah. Assim como o Neshamah Yeseira, o Neshoma Kedosha também está passível de desenvolvimento ou regressão, dependendo do empenho de cada indivíduo.
Entretanto, segundo estudiosos (como o Rabino Joseph Saltoun), a Cabala também aplica-se em diversas áreas dos conhecimentos e necessidades humanas, tantos espirituais como físicas. É possível, por exemplo, compreender a origem da alma, relacionamentos afetivos, destino e livre arbítrio, por exemplo.
A Cabala e suas conexões
O estudo cabalístico não se limita ao universo judaico. A partir do século XVIII houve um processo de popularização da Cabala entre diversas tradições ocultistas; favorecendo sua infiltração e conexão com outras faces do esoterismo, até mesmo no ocidente. Desse modo, variações cristãs da Cabala passaram a ser estudadas. A Cabala também passou a integrar e combinar-se em correntes neopagãs.
Jesus Cristo poderia ter sido um conhecedor dos mistérios cabalísticos. O Heptameron (tratado medieval de magia) utiliza-se de símbolos cabalísticos. Na idade Média, devido à intolerância religiosa, o estudo da Cabala era secreto. Vários sistemas de Magia utilizam a cabala como referência. O ocultista francês Eliphas Levi foi um dos estudiosos cabalísticos. A Cabala Hermética (como é conhecida no Ocidente) foi abordada pelo ocultista inglês Aleister Crownley; assim como o Amanhecer Dourado de George Cecil Jones. Em 1922, foi fundado pelo Rabino Berg, na cidade de Jerusalém, o Centro de Estudos da Cabala, que favoreceu sua disseminação além dos limites do judaísmo.
A Árvore da Vida
A Árvore da Vida é um recurso simbológico que representa alguns conceitos cabalísticos. É formada por dez Sephira que emanam de Ain Soph, que é a representação da própria natureza divina da qual deriva cada sephira. Cada uma das dez sephira representa uma dimensão para a realidade. Assim, cada uma funciona como um canal que conduz a "Luz do Mundo Infinito" até o homem.
Graficamente, as sephira estão alinhadas em três colunas que estão interligadas por meio de vinte e duas conexões. Estão dispostas em camadas triangulares sendo que cada uma está relacionada a um plano: Emanações (Atziluth), Criações (Beriah), Formações (Yetzirah) e Ações (Asiyah). As dez sephiras que compõem a Cabala são Keter, Chochma, Biná, Chesed, Gevurah, Tiferet, Netzach, Hod, Yesod e Malchut.
A Cabala no século XXI
Atualmente, a Cabala atingiu um nível de popularidade suficiente a ponto de serem oferecidos cursos de interpretação cabalística com ênfase em aspectos práticos da vida cotidiana. Personalidades como Madonna e Mick Jagger aderiram ao estudo da Cabala. Ainda, há um Centro de Estudos da Cabala em São Paulo e Rio de Janeiro.
Se, de certa forma, esta popularidade obtida pode relegar a Cabala à condição de uma simples ferramenta de auto-ajuda e autoconhecimento; por outro lado, há a democratização de uma tradição milenar e poderosa, que coloca-se ao alcance de qualquer cidadão que deseje evoluir nos planos espirituais e materiais da própria existência.

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Conteudo do Site: www.spectrumgothic.com.br